Com um único habitante, considerado ‘guardião’ do local, o antigo povoado é apenas ruínas às margens do Rio Negro
Ao longo da história, inúmeras cidades viveram seu auge e depois tiveram períodos de decadência que acabaram por torná-las abandonadas. Conhecidas como ‘cidades-fantasma’, elas surpreendem por suas estruturas permanecerem erguidas mesmo sem uma pessoa à vista.
Grande vencedor do Oscar 2021, o filme Nomadland, dirigido por Chloé Zhao, conta a história de uma mulher que se torna nômade devido a um motivo peculiar: a cidade em que ela morava faliu totalmente e foi abandonada. Ainda que o longa-metragem tenha uma trama ficcional, parte disso de fato aconteceu.
Como relatou o G1, o município de Empire, nos Estados Unidos, ficou vazio por muito tempo, em um abandono insólito.
Situações parecidas, no entanto, podem ser vistas em todo o mundo, inclusive no Brasil. Uma das cidades-fantasma mais impressionantes do país é Velho Airão, no Amazonas, às margens do Rio Negro.
Em 1694, nascia o berço da colonização portuguesa, que fica atualmente a 180 km de Manaus, a capital do Amazonas, no norte do país. Nomeada de Velho Airão, a cidade foi o primeiro povoado fundado por portugueses na região.
É possível perceber como o local é antigo a partir do cemitério que está presente na cidade-abandonada, ainda que degradado. A BBC News explicou que aquele é o único cemitério da cidade onde lápides com gerações completas podem ser observadas.
No começo, padres missionários passaram a viver no povoado, dependendo principalmente da caça e da pesca. Ao longo desses primeiros 200 anos de existência, Velho Airão foi uma cidade pobre, que não tinha nenhuma expressão na região.
Isso mudou quando o Brasil começou a viver o Ciclo da Borracha. Entre os anos de 1879 e 1912, a Floresta Amazônica passou a ser palco de uma grande exploração de látex, que transformou a região em grande desejo de políticos e até mesmo de outros países.
Aquele foi o auge da pequena cidade de Velho Airão: grandes casas começaram a ser construídas, com material importado diretamente de Portugal, a partir da relação das famílias locais com o país. Mas era um ápice que iria acabar em um futuro próximo.
Ainda que o local tivesse se tornado um porto fluvial a partir da construção de uma linha de navegação a vapor na região no século 19, isso não foi o suficiente para reduzir o baque do fim do Ciclo da Borracha. Com a decadência, os habitantes começaram a deixar a cidade, mudando-se para outros povoados nas proximidades.
Abandonada, a cidade tornou-se apenas ruínas, com a vegetação ameaçando encobrir todo o local que, antes, guardava uma cidade próspera. No entanto, uma figura importante surgiu na história de Velho Airão, que viria a se tornar Novo Airão.
O povoado desde o começo tinha uma relação estreita com Portugal, e isso não mudou tanto ao longo dos anos. Até o começo do século 20, a família lusitana Bizerra foi uma das responsáveis pela administração do município.
Um dos últimos membros da família, como informou a BBC, pediu que um homem se tornasse o guardião da cidade. Tratava-se de Shigeru Nakayama, um japonês que chegou ao Brasil na década de 1960 junto com o grande fluxo migratório japonês.
"Meu sonho desde criança era viver na floresta amazônica. Tudo estava completamente abandonado havia mais de 40 anos", disse Nakayama ao veículo, em reportagem de 2015. "Airão é um patrimônio histórico. Plantação, roçar, derrubar floresta, é completamente proibido. Do jeito que está, tem que deixar assim. É área de patrimônio".
Ele chegou à Amazônia no começo dos anos 1970, mas em Velho Airão, especificamente, somente em 2001. Desde então, ele se tornou o único homem a viver na cidade abandonada, recebendo visitantes, plantando o que come e recebendo doações dos turistas que passam por ali.
"Se eu sair, a história daqui morre. Todo mundo sabe disso", afirmou Nakayama.
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