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Matérias / Nardoni

‘Caso Nardoni’: O que revela novo documentário sobre o papel de Anna Carolina Jatobá?

O novo documentário sobre o assassinato de Isabella Nardoni estreou hoje, 17, e trouxe novos depoimentos sobre o caso

Isabelly de Lima, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 17/08/2023, às 19h53

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A menina Isabella Nardoni, morta em 2008 - Arquivo pessoal
A menina Isabella Nardoni, morta em 2008 - Arquivo pessoal

O caso Isabella Nardoni, um dos mais marcantes da história criminal brasileira, volta à lembrança da sociedade, reavivando o horror vivenciado há 15 anos. O acontecimento trágico envolvendo a morte da menina de apenas 5 anos chocou o país e gerou debates intensos sobre justiça e segurança.

Nesta quinta-feira, 17, estreou na plataforma o documentário ‘Isabella: O Caso Nardoni’, que busca lançar novas evidências sobre tudo que estava envolvido na situação. Explorando as evidências e também tudo que foi reunido no dossiê das autoridades, a produção lança luz sobre as diversas visões do caso.

Camiseta presente em cena do documentário da Netflix - Crédito: Divulgação / Netflix

A produção conta com novos relatos de pessoas que estiveram envolvidas diretamente na investigação da morte da menina, como jornalistas, criminologistas, advogados, investigadores, e também da mãe de Isabella,Ana Carolina Oliveira, e a avó da criança materna da criança.

Outra coisa que chama atenção no documentário é uma simulação do apartamento do casal Nardoni, em tamanho real, que auxilia o público a compreender como se deram as investigações.

No entanto, o que muito se sabe, agora também pode ser questionado. Alerta: O texto pode apresentar informações inéditas para quem ainda não conferiu o documentário.

Relembre o caso

Em março de 2008, Isabella Nardoni foi encontrada morta após cair do sexto andar de um edifício em São Paulo. A investigação inicial apontou para um suposto acidente, mas rapidamente as evidências começaram a sugerir que a morte da criança não havia sido acidental.

O desdobramento das investigações levou à prisão de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, respectivamente pai e madrasta de Isabella. As evidências apontavam para um crime hediondo, onde a menina teria sido asfixiada e, posteriormente, jogada do apartamento.

O julgamento do casal Nardoni foi amplamente coberto pela mídia e acompanharam-se, diariamente, os depoimentos e argumentos apresentados no tribunal. A sentença de 31 anos para Alexandre Nardoni e 26 anos para Anna Carolina Jatobá por homicídio triplamente qualificado marcou o desfecho do caso em 2010.

Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá - Crédito: Reprodução / Vídeo / Globo

Culpa de Jatobá

Apesar da decisão da Justiça, o documentário levanta uma questão que, somente após os depoimentos, pode ser discutida: Anna Carolina teve tanta culpa quanto Alexandre?

O intuito da produção NÃO é inocentar a madrasta (muito menos é a intenção do site Aventuras na História), mas é possível identificar essa dúvida ao assistir o documentário. Muitos acreditavam, até um momento da investigação, que Jatobá era a “dominante da relação”, como dito pela criminóloga Ilana Casoy.

Contudo, conforme a própria Casoy, Jatobá poderia, muito bem, ser vítima de um abuso, principalmente psicológico, do então marido, Alexandre Nardoni. A criminóloga afirma que Anna Carolina estava passando por um período de depressão pós-parto, inclusive, como também comentado pela avó materna de Isabella. As autoridades também não encontraram pessoas próximas à madrasta, o que aponta para um perfil social pequeno.

Ilana Casoy, criminóloga - Crédito: Divulgação / Netflix

Paulo Tieppo, médico legista que atuou no caso, levanta também outra suposição. Nos documentos da polícia e também em um vídeo — uma animação que simula o crime —, a perícia indica que Anna Carolina era uma pessoa agressiva e que teria batido na menina, e até mesmo asfixiado ela, antes da menina ser jogada pela janela.

Mas, segundo Tieppo, não era possível, naquelas circunstâncias, que o IML identificasse de quem eram as marcas de mão encontradas no pescoço de Isabella. As marcas existiam, e é certeza que a criança foi asfixiada, entretanto, a culpa dessa agressão e do ferimento na cabeça de Isabella não pode ser direcionada à Jatobá, como ocorreu.

A perita Rosangela Monteiro, comentou sobre a constatação que indagou a mídia, na época:

Uma simples contestação. O Alexandre Nardoni, ele rói as unhas até o talo. Em compensação, a Anna possuía as unhas de comprimento normal. Não precisa ser unhas longas não, pra produzir isso [as marcas]”.

Casos de violência

Também foi evidenciado um passado agressivo de Alexandre com a mãe de Isabella, enquanto ainda estavam juntos, em que Ana Carolina Oliveira chegou a prestar boletim de ocorrência contra o então companheiro por agressões físicas sofridas.

Além disso, um fato que também chama atenção e é retratado no documentário é que, ainda após 10 anos, o casal continua negando a culpa e permanece junto (ainda que Alexandre esteja detido), ou seja, se consideram casados. Muito se especula sobre o motivo pelo qual Jatobá não confessou o crime ou acusou o marido para escapar de uma sentença tão longa.

A avó materna de Isabella alegou que o pai de Jatobá disse a ela, em um momento de encontro no fórum, que “eles não deixavam ela confessar”. Ilana Casoy ainda aponta, na produção, que Anna Carolina sofria violência patrimonial — quando o companheiro controla todo seu patrimônio.

Essa moça, pra comprar absorvente, precisa pedir dinheiro. [...] Tem várias coisas envolvidas na decisão de estar ao lado”, comenta ela.

A produção que retrata o caso Nardoni está disponível na Netflix. Confira o trailer: