Assassinada durante uma abordagem policial, a jovem enfermeira de 26 anos tornou-se um símbolo da luta antirracista
No dia 13 de março deste ano, a jovem Breonna Taylor foi morta durante uma abordagem policial. Na ocasião, três oficiais invadiram a casa da enfermeira de 26 anos, utilizando um aríete para quebrar a porta da entrada.
Mais de seis meses depois, no dia 23 de setembro, a Justiça norte-americana decidiu por não acusar diretamente nenhum dos policiais suspeitos de matar Breonna. Na mesma tarde, centenas de pessoas foram às ruas em protesto.
Poucos dias depois da decisão judicial, o ex-policial indiciado por envolvimento no caso disse ser inocente de todas as acusações. Brett Hankison foi o único dos três oficias que chegou a ser acusado, suspeito de colocar a vida dos vizinhos de Taylor em risco.
Busca por drogas?
Como uma das peças centrais de uma investigação sobre tráfico de drogas, Jamarcus Glover é um ex-namorado de Breonna Taylor. Dessa forma, não demorou até que o nome da enfermeira aparecesse nos documentos da polícia de Louisville.
Por isso, o endereço da mulher foi citado em um dos cinco mandados de busca emitidos pelo Tribunal do Circuito do Condado de Jefferson, no dia 12 de março. Considerado um “endereço residencial atual” de Jamarcus, o local logo tornou-se alvo dos oficiais.
Na madrugada de 13, então, autoridades da polícia local foram até a casa de Breonna. Segundo um dos agentes, a sua primeira atitude foi bater na porta para chamar atenção da enfermeira, que dormia com o atual namorado, Kenneth Walker III.
Aríetes e armas de fogo
Pouco depois da meia noite daquele dia, Kenneth afirmou ter escutado as batidas misteriosas e, apreensivo, sacou uma arma — que foi comprada legalmente. Foi então que, munidos de um aríete, os agentes invadiram o apartamento.
Quando viu o movimento — que ele pensava ter vindo de invasores — Kenneth fez um disparo, acertando o policial Jonathan Mattingly na perna, segundo apurado pela CNN. Em resposta ao tiro, os outros oficiais abriram fogo e rapidamente mobilizaram o homem. Breonna, por sua vez, foi atingida por diversos tiros e não resistiu.
A ação policial não encontrou qualquer droga no apartamento da enfermeira. Sem muitas filmagens do que realmente aconteceu naquela noite, Kenneth foi indicado tentativa de assassinato do policial, mas todas as acusações foram retiradas em maio.
Revolta popular
A morte de Breonna foi seguida por intensos protestos antirracistas contra a violência policial, principalmente depois do caso George Floyd, em maio. Jonathan Mattingly, Myles Cosgrove e Brett Hankison foram colocados em licença administrativa.
Indignada, a mãe de Breonna abriu um processo por homicídio culposo contra os três policiais brancos. Em setembro, contudo, a Justiça decidiu por não indiciar nenhum dos oficiais pelo homicídio — a solução encontrada, na verdade, foi pagar US$ 12 milhões à família da vítima, além de ordenar mudanças na polícia.
Pelo ocorrido, Brett Hankison foi único indiciado. As acusações, contudo, não dizem nada a respeito da morte da jovem enfermeira. Pelo contrário, o policial foi indiciado por atirar às cegas, colocando a vida dos vizinhos de Breonna em perigo.
Desde maio, quando o FBI em Louisville abriu uma investigação sobre o caso, então, Breonna passou a tratada como o rosto da luta antirracista. Personalidades como LeBron James, Oprah Winfrey e Lewis Hamilton fizeram protestos em sua homenagem, ao lado de centenas de manifestantes. “Digam o nome dela”, eles exigem.
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