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Matérias / Entretenimento

Cruzes em chamas e beijo em santo: como Like a Prayer consagrou a carreira de Madonna

Três décadas depois do lançamento, a Rainha do Pop ainda se surpreende ao saber que as pessoas ficaram tão chocadas na época

Giovanna de Matteo Publicado em 04/10/2020, às 09h00 - Atualizado em 28/05/2021, às 07h30

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Cena do videoclipe de Madonna - Divulgação/YouTube/Madonna
Cena do videoclipe de Madonna - Divulgação/YouTube/Madonna

O videoclipe da música icônica de Madonna, Like a Prayer, marcou a história da indústria da música. A artista enfrentou diversos problemas em razão das polêmicas que rondavam o clipe. Além de contratos milionários rompidos com patrocinadores, até o vaticano decidiu se envolver.

Mas parece que isso não a abalou. No aniversário de 20 anos do lançamento, a rainha do pop se pronunciou a respeito: “30 anos atrás eu lancei Like a Prayer e fiz um vídeo que causou muita controvérsia porque eu beijei um santo negro e dancei em frente de cruzes pegando fogo! Eu também fiz um comercial para a Pepsi que foi banido porque o vídeo foi visto como inapropriado. Parabéns para mim e para a controvérsia!”, escreveu nas redes sociais.

Capa do álbum Like a Prayer, que trazia o single de mesmo nome / Crédito: Divulgação/Sire Records

E é claro que Madonna se orgulha de sua obra, afinal, Like a Prayer foi aclamada por diversos críticos e biógrafos. O jornalista J. Randy Taraborrelli comentou que a faixa "mereceu cada pedaço de curiosidade gerada. Embora seja diabolicamente dançante, a canção também mostra a incrível capacidade de Madonna em inspirar emoções fortes e conflitantes ao longo de uma única música, deixando o ouvinte coçando sua cabeça por respostas — e querendo mais".

A biógrafa Mary Cross concordou com esse pensamento, avaliando a composição como "uma mistura do sagrado e do profano. Aqui jaz o triunfo de Madonna com 'Like a Prayer'. Ela ainda soa grudenta e dançante".

De fato, tanto o vídeo quanto o comercial chocaram o mundo na época. Ter artistas famosos como embaixadores de suas marcas era essencial para manter a disputa entre as empresas, e nesse caso, se envolveram as duas gigantes, Pepsi e Coca-Cola.

Apesar de a Coca ter fechado contratos com pessoas renomadas, como Michael Jackson e Whitney Houston, a Pepsi acabou se superando quando anunciou Madonna como sua representante. Mas, nem tudo acabou em flores.

Mais polêmicas

Reportagens de revistas da época publicaram informações de que o acordo com a Pepsi chegava a um investimento de US$ 5 milhões, para que a cantora participasse de três comerciais.

Além disso, ainda existia no contrato a garantia do patrocínio à turnê mundial do álbum Like a Prayer. Mas, diante da pressão do Vaticano, o acordo acabou sendo dissolvido alguns meses depois.

A Pepsi estreou o primeiro - e único - comercial com a artista em 2 de março de 1989, antes de, de fato, ser lançado o clipe da música polêmica. As cenas da propaganda mostravam duas "Madonna", uma já adulta que cantava e dançava Like a Prayer, enquanto a outra, criança, a observava pela TV. Apesar de não fazer referências à temática religiosa do vídeo, a empresa foi condenada pela parceria após a estreia do mesmo.

Com uma expectativa alta, o comercial da Pepsi foi transmitido ao mesmo tempo para mais de 40 países. O clipe oficial da música foi ao ar na MTV, e logo depois a Pepsi começou a sofrer ataques pela repercussão negativa que as cenas ultramodernas de Like a Prayer causaram nos espectadores.

E não foi por pouco: o vídeo apresenta Madonna como testemunha de um estupro, onde um negro é injustamente acusado do crime. Além da história do clipe, cenas que mostram a cantora dentro de uma igreja, beijando um santo negro, e depois dançando em meio á cruzes em chamas, escandalizando a sociedade da época.

Depois disso, líderes religiosos do mundo todo começaram a se organizar para boicotar a Pepsi por ter se associado à cantora. O manifesto cresceu tanto que chegou ao Vaticano, tendo até mesmo o papa da época, João Paulo II, proibir Madonna de entrar na Itália. Além disso, o álbum Like a Prayer sofreu censura no país. 

A Pepsi cancelou a veiculação do comercial Make a Wish e encerrou seu patrocínio com a compositora. No entanto, os US$ 5 milhões foram devidamente pagos. Ou seja, apenas hipócritas saíram perdendo.


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