Taxistas ainda se preocupam em encontrar com a jovem que faz corridas na capital paraense e pede que as viagens sejam cobradas à família
Embora seja uma lenda do século passado, a “Moça do Taxi” continua permeando o imaginário a população de Belém, no Pará — em especial dos taxistas da capital paraense, onde muitos prestam atenção às passageiras que pegam nas proximidades do cemitério.
Isso porque os motoristas não querem dar carona à Josephina Conte, jovem que nasceu em 19 de abril de 1915, e morreu pouco tempo depois, aos 16 anos. A morte, porém, não a impedia de andar pela cidade e, inclusive, de pedir um táxi.
Segundo conta a crença popular, a moça pede um táxi e pede que a corrida seja cobrada pelo motorista ao pai dela. No entanto, ao chegar na casa da jovem, descobre com a família que ela já havia morrido.
O que a menina faz antes de pegar o táxi e o próprio caminho do automóvel podem mudar, mas a história é sempre a mesma, com uma lenda que intriga taxistas e moradores da cidade em geral, que continuam alimentando a história.
Foi somente em 1972 que a popular lenda finalmente ganhou sua versão contada em livro pela obra de Walcyr Monteiro, “Visagens e Assombrações de Belém”, onde ele descreve a origem da história.
Tudo teria começado em 1936, cinco anos depois da morte da adolescente. O livro conta que um taxista teria buscado a jovem em frente ao cemitério de Belém, a levado até a Basílica, onde ela rezou, e finalizar a corrida novamente no cemitério.
A moça pediu, então, a ele que cobrasse a viagem à família, o que fez com que o motorista fosse até a casa dela e falasse sobre o ocorrido aos parentes da passageira misteriosa. Ele chegou a pensar, inclusive, que havia transportado uma das irmãs dela.
Não foi até observar um retrato na residência, reconhecer Josephina e ouvir da família que a jovem havia morrido cinco anos antes de tuberculose que o taxista entendeu o que havia acontecido. Tratava-se de um fantasma.
Quando Josephina morreu, o pai dela decidiu enviar uma foto para a Itália para passar pelo processo de ser incrustada no mármore de sua lápide. Quando voltou, já no mármore pronto, a menina contava com um broche de um carro na blusa.
O mais curioso é que esse detalhe não estava na imagem original da moça, enviada à Europa para ser eternizada em seu túmulo que se tornaria parte da lenda da capital paraense.
Essa minúcia sobre a lenda se tornou ainda mais importante quando escutada pela fotógrafa paraense Walda Marques, que a usou para criar a fotonovela “Josefina, a moça do táxi”, em 2016, que conta a história em um novo modelo.
“Desse enfeite na foto nasce a lenda; e quando o taxista vai na casa da família cobrar a corrida, ele olha um retrato dela e a reconhece. Então, a lenda toda da Moça do Táxi é contada através da fotografia, e essa foi a minha base [para criar a fotonovela]”, contou Marques ao portal Dol.
Com uma história tão rica, Josephina também se tornou protagonista de um curta-metragem. “Josefina”, da cineasta paraense Ziene Castro, transforma a lenda em uma narrativa mais romântica ao dar à jovem um amor taxista.