Com torso de macaco, cauda de peixe, cabelo e unhas humanos, o espécime bizarro intriga pesquisadores no Japão
Múmias são encontradas em diferentes partes do mundo e quase sempre provocam a mesma reação: surpresa e interesse, tanto no público geral, leigo no assunto, quanto em pesquisadores, que querem entender mais sobre a história desses corpos mumificados.
É o caso de um espécime bastante peculiar descoberto no Japão há — pelo que se supõe — cerca de 286 anos. Com torso de macaco, cauda de peixe, cabelo e unhas humanos costurados, a apelidada "múmia sereia” começou a ser investigada recentemente.
Para que você possa saber mais detalhes sobre essa saga, a equipe do site do Aventuras na História separou 5 curiosidades sobre a 'múmia sereia' do Japão.
Não se tem muitas informações verificadas de fato sobre o espécime bizarro de múmia encontrado no Japão. Tudo o que se sabe sobre ela está em uma nota que foi deixada dentro da caixa que a guarda.
Ela teria sido capturada por um pescador em uma região desconhecida do país entre 1736 e 1741 e, então, vendida a uma família rica. Com o tempo, o corpo foi parar em um templo na província de Okayama, mas ninguém sabe exatamente como isso aconteceu.
Ainda que pouco se saiba sobre a múmia, ela é parte importante do templo e adorada pelas pessoas da região. No país, existe uma crença há séculos em torno do espécime de que ele possui propriedades medicinais.
Segundo Kozen Kuida, o sacerdote-chefe do templo, o artefato é considerado como um presságio de boa saúde. “Nós o adoramos, esperando que isso ajudasse a aliviar a pandemia de coronavírus, mesmo que apenas levemente”, afirmou ele ao jornal Asahi Shimbun, conforme repercutido pela Live Science.
É possível que o espécime tenha sido associado à boa saúde, longevidade e curas milagrosas por ter características parecidas com algumas criaturas místicas do folclore japonês que trazem esse tipo de crença.
Existem os Amabies, sereias com bicos no lugar de bocas e três barbatanas, e os Ningyos, que seriam criaturas parecidas com peixes, mas com cabeças humanas. A lenda de "Yao Bikuni", de uma mulher que teria comido a carne de um Ningyo inteiro acidentalmente e viveu por 800 anos, também está relacionada com esses mitos.
Embora fosse muito famosa e adorada na região, a múmia ainda não era conhecida na comunidade científica. Isso mudou quando Hiroshi Kinoshita, membro do conselho da Okayama Folklore Society, a descobriu em uma enciclopédia de criaturas míticas.
Após ficar intrigado com uma foto do corpo mumificado, o especialista teve que convencer o templo a permitir que o artefato fosse estudado por pesquisadores liderados pelo paleontólogo da Universidade de Ciências e Artes Kurashiki, Takafumi Kato.
Que a múmia é formada por diferentes espécies, dá para saber somente de olhar para ela. Agora, a expectativa é entender quais foram as espécies combinadas a partir de uma tomografia computadorizada, feita em fevereiro, e análise de amostras de DNA.
A equipe espera poder divulgar os resultados dos estudos no final deste ano. As evidências genéticas ainda não foram avaliadas, o que deve ser o próximo passo para a investigação que busca entender a origem do bizarro artefato.