Autor de 'Minha Amy', Tyler James conheceu a cantora ainda durante a adolescência, acompanhando de perto seus passos na fama e antes da morte
Sendo um dos maiores expoentes musicais no início do século 21, Amy Winehouse marcou a história da música mundial pelos hits que contrastavam um sucesso comercial notável com episódios turbulentos de usos de drogas. Mesmo falecendo aos 27 anos — e entrando no quimérico Clube dos 27 —, a cantora conseguiu contribuir com um legado atemporal em sua breve carreira profissional.
Contudo, parte de sua intimidade permanece uma incógnita para os fãs mais assíduos do seu trabalho. Ao mesmo tempo em que ocupava o topo das paradas, manifestava a saúde deteriorada e um relacionamento conturbado.
Quem pôde falar com detalhes sobre isso foi o melhor amigo Tyler James, que acompanhou a trajetória de Amy de perto, desde a infância, e relatou no livro "Minha Amy", que teve alguns trechos revelados pela Folha de S. Paulo.
Confira 5 curiosidades sobre a Amy fora dos palcos, segundo seu melhor amigo.
A fama de desleixada divulgada pela mídia era obtida com as inúmeras fotos constrangedoras de Winehouse com a saúde física e psicológicas debilitadas pelos vícios, obtidas pelos massivos paparazzi que a perseguiam pelo mundo.
Apesar de pouco consumir o material dos tabloides, o amigo revela que Amy tinha problemas com a invasão na privacidade, inclusive enquanto tentava largar os vícios.
“De repente, sua vida não é mais sua. Tem gente morando na sua porta. Aquilo f**** com a cabeça dela. Como você luta contra um vício quando você não pode dar uma caminhada na rua? Quando tem que ficar trancado em casa sem nada para fazer?”, aponta Tyler.
O amigo relata a relação da cantora com sua canção de maior sucesso comercial, com quem nutria uma relação de amor e ódio.
O personagem criado na música "Rehab" relata na letra que é tentado a ser levado para uma clínica de reabilitação, mas apresenta recusa.
O hit chegou a ser considerado o mais influente da década pelo jornal The Telegraph, em 2009, como informou a Rolling Stone Brasil na época. Porém, não era prestigiado da mesma maneira pela criadora, como revela Tyler.
“A atitude dela mudou, mas a música continuou existindo. E esse é o problema. A música estava sendo um peso para ela. Até porque, no fim das contas, ela foi atrás da reabilitação”.
Tyler aponta episódios que, durante a vida de Amy foram negados pela equipe que cuidava de sua imagem; ela, junto ao marido, Blake Fielder-Civil, consumia drogas pesadas, como crack e heroína.
O álcool e a maconha também não estiveram de fora, mas Tyler aponta que foram apresentados durante o início da vida adulta para a cantora — acrescentando que, antes disso, Winehouse era a garota mais careta da turma.
“Se ela tivesse morrido cinco anos antes, quando estava usando muito crack e heroína, teria feito sentido. Era quando a automutilação dela estava mais intensa. Essa época foi absolutamente maluca”, aponta Tyler.
Apesar da imagem autodestrutiva glamourizada pela teoria do Clube do 27, a comparando com outros músicos que faleceram na mesma idade — Kurt Cobain, Janis Joplin, Jim Morrison etc —, Tyler afirma que Amy não era desapegada com a imagem e tentou, em seus anos finais, reverter a situação.
O fator que impossibilitou a continuação desta trajetória foi justamente o vício avançado.
“As pessoas perpetuam esse mito de que ela era autodestrutiva, essa coisa rock de entrar para o clube dos 27. E não tem nada legal em morrer com 27 anos. Nos últimos anos, ela não tocou em droga pesada. Substituiu aquilo por álcool, mas estava querendo ficar sóbria, e lidando com o vício. [...] Acho que muitas pessoas não se dão conta disso”, relatou no livro.
Se ainda estivesse viva, James afirma que Amy certamente teria se livrado dos vícios, visto que era uma "pessoa inteligente", mas aponta que tomaria outro rumo na carreira, evitando o assédio midiático com turnês internacionais e novos discos lançados, além de realizar um sonho que havia confessado ao amigo.
“Acho que ela continuaria compondo, mas para ela mesma. Se ela estivesse aqui, brigaria por mais liberdade, por algum nível de normalidade. A maior tragédia para as pessoas é que ela parou de compor e de cantar. Mas, para mim, a maior tragédia é ela nunca ter sido mãe”, concluiu.