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Matérias / Personagem

47 dias em alto mar: a traumática experiência de Louis Zamperini, durante a Segunda Guerra Mundial

Convocado pelo exército americano, Zamperini enfrentou a desnutrição e até mesmo a tortura

Nicoli Raveli Publicado em 18/03/2020, às 10h33

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Cena do filme, O Invencível (2014) - Divulgação
Cena do filme, O Invencível (2014) - Divulgação

O garoto Louis Zamperini nem sempre teve um objetivo. Aos cinco anos de idade, começou a fumar pelas ruas da cidade. Aos oito, conheceu o álcool e passou a esconder os restos de vinho embaixo da mesa de sua casa. Além disso, ele praticava pequenos furtos e arranjava brigas constantemente nas ruas.

Seu irmão mais velho, Peter, participava de maratonas na escola. A fim de evitar que Louis se envolvesse em mais situações desagradáveis, o irmão fez com que ele também se tornasse um corredor. Em entrevista à revista Running Times, o menino relatou que o irmão o incentivou a parar de beber e fumar para se dar bem no esporte.

“Eu decidi naquele verão apostar todas as fichas. Do dia para a noite eu me tornei fanático. Eu não tomava nem um milk-shake”, disse o irmão mais novo. Em pouco tempo, Zamperini se tornou um dos maiores fenômenos nas provas de cinco quilômetros e foi classificado para participar das Olimpíadas de Berlim.

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Louis Zamperini quando era atleta / Crédito: Getty Images

Mesmo ocupando a posição do oitavo lugar, o corredor chamou a atenção de Hitler ao realizar a última volta em tempo recorde, apenas em 56 segundos. Após o episódio, o Führer o chamou em seu camarote para apertar sua mão.

Poucos anos depois, Zamperini foi convocado pela Força Aérea Americana para juntar-se a Segunda Guerra Mundial. Em 1943, sua equipe foi chamada para sair em busca de um avião que havia desaparecido. Com a falta de sorte, o avião do grupo apresentou problemas nos dois motores e caiu no mar. De 11 tripulantes, oito morreram. Entre os sobreviventes estavam Louis e dois amigos, e eles permaneceram no mar em dois botes salva-vidas.

O corredor e os outros dois sobreviventes concordaram em dividir a única comida que tinham, um chocolate. Infelizmente, um dos homens estava abalado e comeu os seis pacotes enquanto os companheiros dormiam.

Louis e Phil ficaram arrasados, mas logo se acalmaram, pois ainda tinham esperanças de que seriam resgatados em breve. Em pouco tempo que eles estavam em alto mar, um avião sobrevoou a área, mas não conseguiu avistá-los.

A espera que não acabava

Os dias passavam e a fome aumentava. A esperança surgiu novamente quando uma ave pousou no bote. Apesar do gosto horrível; e demonstrando nojo, eles tentaram comê-la. Sem sucesso, a ave foi usada como isca para pescar. No entanto, quanto mais o tempo passava, mais a fome aumentava. Foi quando outro albatroz pousou e Louis e os amigos o devoraram.

Após 27 a deriva, os japoneses sobrevoaram o local e atiraram contra os três homens. Os botes rasgaram e os furos foram remendados, mas um deles foi utilizado como uma cobertura para o segundo bote, já que não havia como usá-lo para sua principal função.

Totalizando 33 dias no mar, Francis Mcnamara, que comeu todos os chocolates, morreu de desidratação e fome. Louis e Phil realizaram um ritual de despedida e jogaram seu corpo no mar. Todavia, a situação ficaria ainda pior.

47 dias sem comunicação com outras pessoas, os dois homens foram capturados pelos japoneses, inimigos de guerra. Na época, eles perderam metade do peso corporal e foram levados para a Ilha de Execução, apelido inspirado no episódio que resultou na decapitação de nove marinheiros americanos no local.

De acordo com Zamperini, seus inimigos tinham um enorme prazer em dizer que eles seriam executados, e faziam o gesto de passar o dedo no pescoço a todo momento. As condições das celas eram deploráveis. Além disso, os homens eram usados como cobaias de experimentos médicos e tinham que descrever os efeitos que sentiam em seu corpo após tomar determinada injeção.

Pouco tempo após ser capturado, Louis conheceu o sargento Matsuhiro Watanabe, mais conhecido como O Pássaro. Ele era responsável pelo campo de prisioneiros de guerra Omori.

O sargento torturava e espancava seus prisioneiros por horas, e era obcecado por Louis, fazendo com que ele sofresse mais do que seus colegas. O Pássaro foi considerado um sádico que encontrava satisfação punindo seus oponentes.

O caso deu origem ao filme Invencível, de 2014. Na filmagem, uma das maiores punições à Louis é retratada. Matsuhiro o obriga a segurar um tronco de árvore acima da cabeça e deu ordem a outros guardas para atirarem caso o tronco caísse.

Enquanto isso, o sargento encarava e debochava do americano. 37 minutos depois, a autoridade deu um soco no estômago do prisioneiro, fazendo com que o tronco caísse e Louis desmaiasse.

Um trauma eterno

Com o término da guerra, Zamperini voltou para casa e teve diversos pesadelos com O Pássaro. Foi quando sua mulher, Cynthia, fez com que o marido começasse a frequentar a igreja cristã. Devido a tentativa, o homem perdoou seus traidores e seus pesadelos diminuíram.

Em 1988, o americano foi convidado a carregar a tocha olímpica no Japão, e convidou seu torturador para um encontro. Sem sucesso, os dois não se encontraram e Louis escreveu uma carta para entregar a Matsuhiro. “Eu dediquei a minha vida a Cristo. O amor substituiu o ódio que eu tinha de você. Cristo disse, ‘Perdoe os seus inimigos e reze por eles’.”

O corredor Louis Zamperini em 2004 / Crédito: Wikimedia Commons

Louis seguiu com sua vida com foco na religião e visitou diversos companheiros de prisão com o passar dos anos. O corredor teve dois filhos e permaneceu casado até 2001, quando Cynthia morreu. Zamperini morreu três anos depois, no dia 7 de julho de 2014, em Los Angeles.


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