Em 1692, nos Estados Unidos, cerca de vinte pessoas morreram injustamente acusadas de praticar bruxaria
Quando falamos em bruxas, logo nos lembramos da figura disseminada na cultura popular: uma mulher com um chapéu e vassoura voadora, capaz de fazer feitiços e magias e, na maioria das vezes, utilizar suas habilidades para o mal. No entanto, por se tratar de um grande elo entre ficção e realidade, o assunto é bastante polêmico e gera debates desde as antiguidades até os dias de hoje. Afinal, por trás das lendas criadas pela sociedade, existem muitas tradições e crenças que fazem parte do mundo real e que foram motivos de perseguições durante séculos.
Na Idade Média, com o crescimento da religião cristã, mulheres que não seguiam à risca as normas sociais impostas (como se portar de maneira recatada, cuidar do lar e obedecer ao marido), eram consideradas mentalmente insanas e se tornaram alvos de perseguições. De acordo com discursos de padres por toda a Europa, bruxas eram mulheres muito ligadas à cobiça carnal, que não tinham limites para satisfazer seus desejos e utilizavam diversos poderes sobrenaturais para agradar ao diabo.
No período da Inquisição, a Igreja criou o Tribunal do Santo Ofício com o objetivo de impedir que as pessoas desviassem dos ensinamentos cristãos, e para isso eram usados diversos métodos de punição. Entre os séculos XIV e XVIII, a caça às bruxas tornou-se ainda mais forte na Europa e nas colônias americanas. De acordo com estudiosos modernos, estima-se que foram executadas cerca de 40 a 50 mil mulheres por meio de enforcamento, afogamento e queima na fogueira.
Um dos casos mais famosos de caça às bruxas aconteceu entre 1692 e 1693, em Salem, Massachusetts, nos Estados Unidos. Na época, mais de duzentas pessoas foram acusadas de praticar bruxaria, sendo trinta consideradas culpadas e dezenove executadas por enforcamento.
O caso começou em fevereiro de 1692, quando Elizabeth, filha de 11 anos do reverendo de Salém, Samuel Parris, ficou doente e começou a apresentar sintomas estranhos: a jovem se contorcia de dor, arremessava objetos, gritava e dizia estar sendo picada por insetos. Logo em seguida, sua sobrinha, Abigail Williams, e Ann Putnam, ambas com 11 anos, passaram a ter os mesmos comportamentos. Ao serem examinadas por um médico, foi concluído que eventos sobrenaturais estavam tomando conta das crianças.
Assim, pressionadas pelos líderes religiosos locais, as garotas acabaram acusando três mulheres de bruxaria: Tituba, uma escrava de Parris; Sarah Good, moradora de rua; e Sarah Osborne, uma idosa.
A partir da acusação, em março, as três mulheres foram interrogadas por vários dias e presas. Tituba foi a única que disse ter feito um pacto com o demônio, e garantiu que muitas outras bruxas estavam espalhadas por Salém. Nas semanas que se seguiram, diversas denúncias começaram a ser feitas. Por isso, o governador William Phipps criou um tribunal especial para receber e julgar casos de bruxaria.
O primeiro julgamento foi o de Bridget Bishop, acusada de bruxaria pelos seus comportamentos promíscuos. Apesar de ter se declarado inocente, a jovem foi enforcada no dia 10 de junho. A grande maioria das acusadas eram mulheres de meia-idade, mas até mesmo uma garota de quatro anos ficou presa por alguns meses, assim como um ministro da igreja que foi julgado como líder das bruxas e enforcado.
No total, foram cerca de duzentas pessoas acusadas, trinta consideradas culpadas e dezenove executadas, além de pelo menos cinco pessoas que morreram posteriormente na prisão. As denúncias e condenações eram feitas com base nos depoimentos das próprias testemunhas - que alegavam ter ataques e alucinações causados pelas bruxas.
Em outubro de 1692, a pedido do presidente da Universidade de Harvard e quando sua própria esposa foi acusada de bruxaria, o governador William Phipps acabou com a caça às bruxas e dissolveu os dois órgãos que cuidavam do caso com base em especulações e sensacionalismo. As execuções tiveram um fim e a Corte Superior libertou todos os acusados que aguardavam julgamento ou que foram sentenciados à morte.
Em 1711, as famílias das vítimas receberam 600 libras como forma de indenização, mas o Estado de Massachusetts só assumiu e se desculpou formalmente pelas condenações indevidas 250 anos depois, em 1957. Apesar de não ter sido o único no mundo, o episódio de Salém tornou-se um dos mais notórios da história, sendo considerado um caso de histeria coletiva e servindo de inspiração para artistas e pesquisadores até os dias de hoje.
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