A conclusão foi apresentada em estudo realizado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), com apoio do Global Media Defence Fund da Unesco
Um novo estudo baseado em dados de monitoramento de ataques a jornalistas conduzido pela rede Voces del Sur, mostrou que jornalistas do gênero feminino que cobrem temas políticos foram os maiores alvos de ataques em 2021.
A pesquisa foi realizada pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), com apoio do Global Media Defence Fund da Unesco e revelou que mulheres jornalistas (cis e trans) são 91,3% das vítimas. Ao todo, foram registradas 119 ocorrências contra 127 profissionais e meios de comunicação no ano passado.
De acordo com informações do UOL, os resultados do Brasil foram apresentados por Cristina Zahar, secretária-executiva da Abraji, na conferência de Liberdade de Imprensa na Estônia, no mês de fevereiro.
Na ocasião, Zahar destacou que “apesar da pandemia e da cobertura de saúde ao longo do ano, a maior parte das agressões desencadeadas pela cobertura jornalística está ligada a agendas políticas e tentativas de impedir o jornalismo de investigar e fiscalizar o Estado."
"Mulheres jornalistas que cobrem política foram o alvo principal, como Daniela Lima, âncora da CNN Brasil, que sofreu oito ataques, e Patricia Campos Mello, da Folha de S.Paulo, que sofreu cinco”, disse ela.
De acordo com o levantamento, profissionais da imprensa e veículos receberam 45 ataques que utilizaram gênero, sexualidade ou orientação sexual como argumentos para a agressão. A grande maioria (95%) dos agressores que puderam ser identificados foram homens.
Também concluiu-se que 59,9% dos casos de discursos estigmatizantes tiveram início com publicações de autoridades de Estado entre outras personalidades do meio político, sendo que, em 60% das ocorrências, a vítima comentava temas relacionados à política.