Equipes separadas por uma distância de 9,3 mil quilômetros foram capazes de conduzir uma endoscopia magnética com sucesso
Cientistas do Instituto Federal Suíço de Tecnologia de Zurique (ETH Zurich) e da Universidade Chinesa de Hong Kong (CUHK) realizaram uma endoscopia magnética em um porco vivo de forma totalmente remota, marcando um feito inédito.
As equipes, separadas por uma distância de 9,3 mil quilômetros, conduziram o procedimento com sucesso, conforme relatado na revista Advanced Intelligent Systems na última terça-feira, 26.
A endoscopia magnética envolve a inserção de um tubo equipado com uma câmera pela boca do paciente, permitindo a exploração do duodeno, esôfago e estômago.
Conforme informações do portal Galileu, o sucesso do teste foi atribuído principalmente ao instrumento de navegação magnética desenvolvido pelo ETH Zurich, que, graças ao seu tamanho compacto e tecnologia avançada, facilitou a manipulação em comparação com dispositivos tradicionais.
“O endoscópio não só pode ser dobrado em qualquer direção graças à sua cabeça magnética, como também é menor e mais fácil de manobrar do que os dispositivos convencionais”, explicou Alexandre Mesot, doutorando do ETH Zurich e operador do endoscópio. Além disso, a conexão de internet rápida e segura para a sala de cirurgia foi crucial, permitindo a transmissão das imagens com um atraso de apenas 300 milissegundos.
Durante o procedimento, o porco anestesiado estava em Hong Kong, enquanto os pesquisadores controlavam a sonda de Zurique, utilizando um joystick de PlayStation 5. Um grupo de cientistas chineses monitorava de perto, pronto para intervir se necessário. Mesmo a grande distância, Mesot conseguiu realizar a manobra de retroflexão no estômago do porco, essencial para examinar a entrada do órgão.
A navegação magnética robótica é vista como uma tecnologia promissora para telecirurgia, menos invasiva e capaz de ser realizada com o paciente acordado. Segundo Shannon Melissa Chan, professora assistente da CUHK, a endoscopia teleoperada pode treinar cirurgiões e fornecer cuidados em áreas remotas, onde há escassez de especialistas.
Agora, os pesquisadores pretendem aplicar a tecnologia em procedimentos humanos, com o objetivo de realizar uma endoscopia teleoperada em um estômago humano, focando em exames minimamente invasivos para detectar câncer e outras condições gastrointestinais.
