Em um evento realizado nesta segunda-feira, 25, o diretor se pronunciou sobre o conflito na Faixa de Gaza e a ascensão do extremismo
Pela primeira vez desde o início do conflito entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza, o cineasta Steven Spielbergse pronunciou sobre o confronto e demonstrou preocupação com o aumento do antissemitismo no mundo.
“Estou cada vez mais alarmado com a possibilidade de estarmos condenados a repetir a história–a mais uma vez ter de lutar pelo direito de sermos judeus”, disse ele durante a celebração de 30 anos da Shoah Foundation.
A organização homenageada, fundada por Spielberg em parceria com a Universidade do Sul da Califórnia (USC), produz entrevistas educativas com sobreviventes e testemunhas do Holocausto.
Diante da brutalidade e da perseguição, sempre fomos um povo resiliente e compassivo que compreende o poder da empatia. Podemos enfurecer-nos contra os atos hediondos cometidos pelos terroristas em 7 de outubro, e também condenar o assassinato de mulheres e crianças inocentes em Gaza”, disse o diretor de ‘A Lista de Schindler’ (1993) no evento desta segunda-feira, 25.
No início de seu discurso, ele relembrou sua juventude e os comentários antissemitas que ouviu de seus colegas de escola, que o agrediram “tanto verbal quanto fisicamente, e através de exclusão silenciosa”. O diretor também apontou que o projeto “é mais crucial agora do que era em 1994″.
"Os ecos da história são inconfundíveis no nosso clima atual. A ascensão de visões extremistas criou um ambiente perigoso, e a intolerância radical leva uma sociedade a não mais celebrar as diferenças, mas sim a conspirar para demonizar aqueles que são diferentes, ao ponto de criar ‘o Outro’. Isto está acontecendo também na discriminação anti-muçulmanos, árabes e Sikh. A criação do ‘Outro’ e a desumanização de qualquer grupo com base nas suas diferenças é a base do fascismo”, acrescentou Spielberg.
Ele recebeu o Medalhão da Universidade da USC, maior da instituição de ensino, por seu trabalho com os sobreviventes do Holocausto na Shoah Foundation. O prêmio em questão foi entregue por Celina Biniaz, uma das 1.200 pessoas salvas por Oskar Schindler em 1944, história retratada por Spielberg no cinema.
Nos últimos meses, o diretor evitou se pronunciar sobre o conflito, mas em dezembro do ano passado, ele assinou uma carta da Shoah Foundation condenando os ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro. “Nunca imaginei que veria uma barbárie tão indescritível contra os judeus durante a minha vida”, diz o texto.