Com restos mortais de pelo menos 129 homens, descoberta pode revelar "evento militar catastrófico" romano onde hoje é a cidade de Viena, na Áustria
Publicado em 03/04/2025, às 09h48
Enquanto reviravam a terra para reformar um campo de futebol em Viena, capital da Áustria, em outubro do ano passado, equipes de construção se surpreenderam com uma descoberta impressionante: no local, havia uma grande pilha de restos mortais entrelaçados em uma vala comum, que reunia os corpos de pelo menos 129 pessoas.
Essa vala, por sua vez, é datada do Império Romano do primeiro século, e segundo especialistas, provavelmente abrigou durante séculos corpos de guerreiros que morreram em uma batalha envolvendo tribos germânicas. Os resultados da análise arqueológica foram apresentados em publicação na Revista do Museu de Viena.
A descoberta ocorreu no bairro de Simmering, em Viena, e revelou os corpos de 129 pessoas. Outro fato relevante é que foi apontado que muitos ossos ali encontrados estavam deslocados, e por isso o número total de corpos ainda é incerto, podendo exceder 150 — o que é descrito pelos arqueólogos como uma descoberta sem precedentes na Europa Central.
Michaela Binder, líder da escavação, disse na publicação na Revista do Museu de Viena: "dentro do contexto dos atos de guerra romanos, não há achados comparáveis de combatentes. Há enormes campos de batalha na Alemanha onde armas foram encontradas. Mas encontrar os mortos é algo único em toda a história romana".
Vale mencionar que, até o século 3, era comum que os soldados do Império Romano fossem cremados. Por isso, a descoberta do fosso sugere que os mortos ali depositados foram despejados às pressas e de maneira desorganizada. Além disso, os sinais de ferimentos encontrados nos restos mortais reforça a hipótese de que o local teria sido um grande campo de batalha.
Eles têm vários ferimentos de batalha diferentes, o que exclui a possibilidade de execução. É realmente um campo de batalha. Há ferimentos de espadas, lanças; ferimentos de trauma contundente", afirma na publicação a chefe do departamento arqueológico da cidade de Viena, Kristina Adler-Wölfl.
Outro aspecto que reforça a hipótese é o fato de que todos os mortos ali encontrados são homens, a maioria tendo entre 20 e 30 anos no momento de sua morte, e com sinais de boa saúde dentária, repercute o The Guardian.
Após análises de carbono-14, os pesquisadores puderam datar os ossos entre 80 d.C. e 130 d.C., o que ainda foi confirmado pelos artefatos — armaduras, protetores de bochecha de capacete e pregos usados em sapatos militares — também encontrados na sepultura. Havia também uma adaga de um tipo usado especificamente entre meados do primeiro século, e início do segundo século.
Agora, os arqueólogos esperam que uma futura análise de DNA e de isótopos de estrôncio ajudem a identificar melhor os combatentes que ali foram depositados. "A teoria mais provável no momento é que isso esteja conectado às campanhas do Danúbio do Imperador Domiciano – de 86 a 96 d.C.", explica Adler-Wölfl.