Em 1966, um grupo de crianças respondeu como imaginavam que seria o mundo nos anos 2000 — e fizeram acertos assustadores; confira!
Publicado em 09/04/2025, às 18h00
Hoje, mais do que nunca, o mundo vive um período de grande receio sobre as grandes e rápidas mudanças que vivemos, como o aumento da população, a evolução de inteligências artificiais, as catástrofes climáticas e até guerras. E, por mais que isso pareça absurdo, na década de 1960 um grupo de crianças previu esse cenário para os anos 2000.
Em 1966, a BBC reuniu um grupo de crianças em idade escolar e lhes perguntou como eles imaginavam que seria o mundo na virada do século, e a partir dos anos 2000. E por mais que a década de 1960 tenha sido marcada por diversos avanços tecnológicos, como o surgimento dos computadores e dos voos espaciais, elas não foram tão otimistas.
Isso porque, como pode ser visto em vídeo de arquivo da BBC, disponível no YouTube, esses avanços tecnológicos também traziam uma série de medos — típicos de distopias e ficções científicas que vemos aos montes na cultura pop — que, no fim, foram tragédias proféticas para nós, do século 21.
Hoje, mais do que nunca, a tecnologia é cada vez mais presente em nossas vidas, de forma que muitos aspectos de nossos cotidianos podem ser tratados simplesmente através dos celulares e da internet. Porém, principalmente desde a década de 1960, ela mais substituiu empregos do que criou, segundo o Daily Mail.
Embora a questão do desemprego decorrente do avanço tecnológico pareça algo impensável para a década de 1960, muitas crianças previram isso. "Primeiro de tudo, os computadores estão tomando conta agora, computadores e automação. E no ano 2000, simplesmente não haverá empregos suficientes para todos", disse uma menina.
Os únicos empregos que haverá serão para pessoas com QI alto que podem trabalhar com computadores e coisas assim. Outras pessoas simplesmente não terão empregos, simplesmente não haverá empregos para elas terem", prosseguiu.
Por mais que nas últimas décadas a tecnologia já viesse substituindo muitos empregos pouco a pouco, agora que vivemos uma era de muitos avanços em inteligência artificial, esse medo está mais forte do que nunca na nossa sociedade.
Ao contrário das redes sociais, algo que ainda era um trauma em muitas crianças da década de 1960 era o horror de se viver em um mundo devastado pela guerra, sendo elas figuras que nasceram próximas ao fim da Segunda Guerra Mundial.
Além disso, elas foram as primeiras a ver o surgimento das bombas atômicas, que se tornou um grande fantasma no imaginário popular — e, hoje, já foram banalizadas como meras ferramentas de guerra.
Ah, acho que todas essas bombas atômicas vão cair por aí", disse um garoto durante a entrevista. Outra garota ainda alegou: "Não há nada que você possa fazer para impedir isso. Quanto mais pessoas receberem bombas, mais... alguém vai usá-las algum dia".
Inclusive, outro menino até expressou o medo de um apocalipse nuclear, justamente um cenário tema em várias ficções distópicas: "Algum louco vai pegar uma bomba atômica e simplesmente destruir o mundo".
Hoje, o risco de uma guerra nuclear aumenta cada vez mais, ao passo que se vê um crescimento na tensão entre relações geopolíticas globais, segundo o Conselho de Relações Exteriores (CFR). Atualmente, vê-se o agravamento das tensões, em especial no Oriente Médio, entre Israel e Palestina, no norte da Europa, com a invasão da Rússia à Ucrânia, e na Ásia, entre as Coreias, por exemplo.
E não bastam as guerras: as bombas atômicas se tornaram parte do acervo bélico de mais nações, e outros equipamentos ainda mais poderosos também já foram criados.
"Acho que eles vão reservar partes do país somente para recreação e criar grandes blocos de áreas construídas, e acho que elas provavelmente serão muito feias", disse um garoto à BBC. De fato, é uma hipótese bastante parecida com a realidade: ao passo que a natureza é cada vez mais devastada pela urbanização e industrialização, temos acesso a áreas intocadas somente em parques e reservas naturais.
E em paralelo, outro garoto também falou sobre a geografia do mundo, mas de maneira mais catastrófica: "Todos os Sputniks e tudo o que está acontecendo interferem no clima, e acho que o mar pode subir e cobrir parte da Inglaterra, e só sobrarão ilhas". Vale mencionar: a expressão "aquecimento global" só surgiu pela primeira vez em um artigo publicado em 1975.
Na prática, a proliferação de satélites não tem tanto a ver com o aumento do nível do mar quanto o garoto imagina. Porém, a indústria de satélites certamente está ainda mais avançada, o espaço possui cada vez mais lixo; isso sem mencionar que o garoto previu um dos impactos mais sérios das mudanças climáticas e aumento da temperatura global.
Apesar de todas as previsões — acertadas — trágicas, sem mencionar outros aspectos que as crianças sequer contaram, como uma pandemia que vitimou milhões, a população mundial somente aumentou desde a década de 1960.
Na década de 1960, a população mundial era superior a 3 bilhões de indivíduos. Hoje, porém, já somos mais de 8 bilhões de pessoas no mundo. E as Nações Unidas estimam que alcancemos o pico nos próximos 50 ou 60 anos, com aproximadamente 10,3 bilhões de pessoas em meados de 2080. Porém, espera-se que esse número comece a diminuir, e seja em torno de 10,2 bilhões até a virada para o século 22.
As crianças também previram esse aumento descontrolado, e até mesmo o que seria necessário para lidar com esse problema: "As pessoas não conseguiriam viver em casas comuns, porque isso ocuparia muito espaço", disse uma garota. "Eles teriam que ficar em [apartamentos], empilhados uns sobre os outros, assim. E as casas seriam bem pequenas, e tudo ficaria muito apertado".
A população terá aumentado tanto que todos estarão vivendo em grandes domos no Saara ou no fundo do mar", sugeriu outro menina.
Hoje, a humanidade ainda não chegou a construir cidades subaquáticas, e nem mesmo grandes domos habitacionais no deserto. Porém, é inegável que encontrar espaço vem se tornando uma tarefa cada vez mais desafiadora, e a busca pode estar acontecendo em outro lugar ainda menos provável: no espaço.