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Notícias / Crime

As cruéis condições de vida do homem mantido em cativeiro por 20 anos

Segundo o relato da vítima, repercutido pelo NY Times, ele havia sido mantido em cativeiro desde os 12 anos, trancado em um pequeno quarto de 2,4 m²

Felipe Sales Gomes, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 09/04/2025, às 18h10

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Imagem meramente ilustrativa - Getty Images
Imagem meramente ilustrativa - Getty Images

Em 17 de fevereiro deste ano, um homem de 32 anos foi resgatado de uma situação de cativeiro em Waterbury, Connecticut. O resgate ocorreu após ele provocar um incêndio em sua casa, o que acabou sendo sua única chance de escapar. As informações foram dvulgadas pelo New York Times.

A vítima, que pesava apenas 31 quilos devido ao abuso e negligência sofridos ao longo de sua vida, foi encontrada por um agente do Corpo de Bombeiros, que descreveu o corpo como extremamente leve, como se não estivesse carregando nada.

Segundo o relato da vítima, repercutido pelo NY Times, ele havia sido mantido em cativeiro desde os 12 anos, trancado em um pequeno quarto de 2,4 m² no último andar de uma casa deteriorada.

Condições desumanas

Durante os 20 anos de prisão forçada, ele foi obrigado a defecar em jornais e urinar pela janela do segundo andar, sem acesso a cuidados médicos ou dentários. 

Sua alimentação era escassa e muitas vezes composta apenas por sanduíches, o que resultou em sua saúde gravemente debilitada. Seu último contato com o mundo exterior aconteceu ainda quando estava na quarta série do colégio.

Após ser resgatado e levado ao hospital, ele revelou à polícia que o incêndio no qual foi resgatado foi causado por ele mesmo, ao usar um isqueiro encontrado em um velho casaco dado por sua madrasta. Ele acreditava que, se não morresse no fogo, finalmente seria libertado.

Desdobramentos

As autoridades começaram a investigar o caso e descobriram que, embora houvesse sinais de abuso desde o desaparecimento do menino, as tentativas de intervenção por parte de vizinhos, colegas e professores haviam sido ineficazes

Registros policiais indicam que, anos antes do resgate, colegas de classe haviam alertado as autoridades sobre o estado físico do menino, que era frequentemente visto com fome e cultivava comportamentos incomuns, como beber água de um mictório. Contudo, as investigações não resultaram em ação efetiva, e o caso foi arquivado.

Em 2005, o menino foi retirado da escola, supostamente para ser educado em casa, mas, segundo ele, toda a educação formal cessou logo depois. A polícia foi chamada à casa do menino em pelo menos duas ocasiões após sua retirada da escola, mas os oficiais relataram que não havia evidências de abuso.

Réu

A madrasta da vítima, Kimberly Sullivan, de 57 anos, foi indiciada em março de 2025, enfrentando acusações de sequestro, agressão, crueldade, restrição ilegal e negligência criminosa. 

Se condenada, ela pode passar o resto da vida na prisão. O advogado de Kimberly, Ioannis Kaloidis, defende que sua cliente não foi responsável pelas decisões tomadas sobre o menino — conforme repercutiu o NY Times —, culpando seu marido falecido, Kregg Sullivan, pelo tratamento dado ao enteado.

Consequências

Após o resgate, a vítima foi transferida para um centro médico, onde se encontra em recuperação. A polícia ainda não divulgou seu nome, pois ele é considerado uma vítima de abuso doméstico, e um tutor foi designado para proteger seus interesses legais. 

Enquanto isso, ex-funcionários da escola e vizinhos continuam a expressar a preocupação que tinham ao longo dos anos, sabendo que algo estava errado, mas sem que as autoridades tomassem medidas eficazes para garantir sua segurança.

O caso permanece sob investigação, e a comunidade local segue chocada com a descoberta do sofrimento prolongado que o homem enfrentou nas mãos de sua família.