Espécie natural da ilha de Guam, no Oceano Pacífico, foi declarada extinta no fim da década de 1980, mas agora está voltando à natureza
Publicado em 24/04/2025, às 08h43 - Atualizado em 01/05/2025, às 09h17
Uma ave considerada extinta no fim da década de 1980 agora está novamente se estabelecendo na natureza graças a um esforço de conservação internacional. Natural da ilha de Guam, no Oceano Pacífico, o martim-pescador de Guam (Todiramphus cinnamominus), foi praticamente exterminado após a introdução da cobra-marrom-arborícola (Boiga irregularis), predador invasor que dizimou toda sua população.
Antes do desaparecimento completo, 28 indivíduos foram capturados e mantidos em cativeiro por especialistas. Décadas depois, em setembro de 2024, nove desses pássaros — cinco machos e quatro fêmeas — foram reintroduzidos na natureza, desta vez em um novo lar: o Atol de Palmyra, a cerca de 5.800 quilômetros de Guam.
Escolhido por ser uma área protegida e livre de predadores invasores, o Atol de Palmyra faz parte do Refúgio Nacional de Vida Selvagem dos Estados Unidos e oferece condições ideais para o desenvolvimento da espécie.
Segundo Martin Kastner, biólogo da Nature Conservancy e da Sociedade Zoológica de Londres, as aves estavam sendo criadas em cativeiro até o ano anterior. "Agora, elas estão até botando ovos por conta própria. É um avanço incrível", disse ele em entrevista à Rádio Pública de Guam, conforme a revista Galileu.
No dia 31 de março, a equipe liderada por Kastner encontrou o primeiro ovo selvagem da espécie em 37 anos, em um ninho a 3,6 metros do solo. O casal responsável, apelidado de Tutuhan e Hinanao, foi filmado com a ajuda de uma câmera endoscópica. Kastner descreveu o momento como "um instante de alegria e esperança", resultado de décadas de dedicação de biólogos, tratadores e da população de Guam.
As aves liberadas na natureza têm somente nove meses, e até agora, em cativeiro, os primeiros ovos férteis surgiam a partir dos 11 meses. Por isso, a equipe continuará monitorando atentamente a reprodução e o desenvolvimento dos filhotes.
O próximo passo será aumentar a população no Atol de Palmyra, com a soltura de mais nove exemplares em ilhas próximas durante o outono. O objetivo final, no entanto, é reintroduzir o martim-pescador em sua terra natal. "A missão número um precisa ser: vamos trazê-los de volta para Guam. Não há outro objetivo final além desse nesse projeto", afirma Kastner.
Conhecido como sihek pelo povo indígena Chamorro, o martim-pescador apresenta plumagem marrom nos machos e peito branco nas fêmeas, com caudas azuis em ambos os sexos. A espécie se alimenta de pequenos animais como lagartos, aranhas, besouros e caranguejos, capturando as presas com seus bicos longos e grossos. Apesar da aparência pacífica, é uma ave territorial e agressiva quando se trata de proteger seu habitat.