Inscrições encontradas em uma antiga tábua de argila suméria foram utilizadas como manual para a construção do navio
Um grupo de especialistas criou uma réplica funcional de um navio da Idade do Bronze, típico da Suméria, usando técnicas de 2100 a.C.. Para isso, utilizou-se de inscrições encontradas em uma antiga tábua de argila suméria como manual.
Composta por 20 profissionais, entre arqueólogos, antropólogos e engenheiros, a equipe decidiu reconstruir o barco Magan com base nos escritos de uma tábua exposta no Museu Britânico. Originária da cidade suméria de Girsu, a tábua contém uma "lista de compras" dos suprimentos necessários para montar os navios.
A equipe decodificou a lista e reuniu os materiais de referência para elaborar um plano. Além da tábua, usaram ilustrações do período para desenvolver o design do navio. O projeto começou oficialmente em 2021, mas enfrentou atrasos devido à pandemia de Covid-19.
De acordo com a revista Galileu, a réplica provou ter capacidade de transportar cerca de 36 toneladas de produtos e pessoas. Nos cinco dias de testes, o navio percorreu mais de 90 km e atingiu velocidades de até 5,6 nós (cerca de 10 km/h).
“Quando rebocamos o barco do píer pela primeira vez, fomos muito cuidadosos. Não há pregos, parafusos, nem metal algum. Então, eu estava com medo de danificá-lo”, disse Marwan Abdullah Al-Marzouqi, um dos capitães do navio, conforme a fonte. “Mas, quando começamos a navegar, logo percebi que era uma estrutura muito forte. Fiquei surpreso com a forma como algo tão pesado conseguia se mover tão suavemente no mar”.
O projeto visava descobrir as técnicas de artesanato antigas, entender as conexões entre as sociedades da Idade do Bronze e o papel de Abu Dhabi no comércio há 4 mil anos.
Com a conclusão da viagem inaugural, o navio está armazenado em um hangar até a conclusão do Museu Nacional Zayed, na Ilha Saadiyat. A réplica será parte da exposição sobre a história marítima do Golfo Pérsico e as conexões culturais possibilitadas pela navegação.
