Zhu Hengpeng, de 55 anos, não foi mais visto do cenário público após, supostamente, ter criticado o governo do presidente Xi Jinping
O renomado economista chinês Zhu Hengpeng, de 55 anos, desapareceu do cenário público após supostamente criticar o presidente Xi Jinping em um grupo privado no WeChat. Esta é a mais recente repercussão enfrentada por indivíduos que desafiam o governo chinês.
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Zhu, que atuou por cerca de uma década como vice-diretor do Instituto de Economia da Academia Chinesa de Ciências Sociais (CASS), teria sido detido logo após fazer comentários ofensivos sobre a economia chinesa e críticas direcionadas a Xi Jinping. A informação foi divulgada pelo Wall Street Journal, citando fontes próximas ao caso.
Desde abril deste ano, quando participou de um evento organizado pelo veículo de comunicação Caixin, Zhu não foi mais visto publicamente. Não está claro quando exatamente ele fez os comentários no WeChat.
O desaparecimento de Zhu ocorre em meio a uma reestruturação significativa na gestão do instituto onde ele trabalhava, com a remoção do diretor e do secretário dos seus respectivos cargos. Segundo relatórios, Zhu foi investigado, destituído das suas funções e posteriormente detido. Seu nome e informações relacionadas ao seu trabalho na Universidade Tsinghua foram removidos.
Os detalhes específicos das declarações controversas de Zhu não foram revelados. No entanto, o Sing Tao Daily informou que ele "discutiu inadequadamente políticas centrais", enquanto o Wall Street Journal mencionou uma referência à "mortalidade de Xi".
Este incidente faz parte de uma série de desaparecimentos de figuras proeminentes na China que criticaram a liderança de Xi Jinping, num momento em que o governo intensifica a repressão às críticas.
A economia chinesa tem mostrado sinais de desaceleração, com o crescimento do PIB ficando abaixo da meta governamental de 5%. Em julho de 2024, dados oficiais confirmaram essa desaceleração econômica. O declínio econômico vem na esteira da pandemia de Covid-19 e das rigorosas políticas de lockdown adotadas pelo país, conhecidas como política "Covid zero".
Em agosto passado, Hu Xijin, ex-editor do Global Times e defensor notório do Partido Comunista, também silenciou abruptamente nas redes sociais após compartilhar uma avaliação crítica da estratégia econômica de Pequim discutida em um conclave liderado por Xi Jinping. A ausência repentina desses críticos tem alimentado especulações sobre esforços contínuos para censurar discussões em torno do assunto.
Casos anteriores incluem o ex-ministro das Relações Exteriores Qin Gang, que desapareceu misteriosamente no verão de 2023 e foi posteriormente rebaixado a um cargo inferior.
Em 2020, Jack Ma, cofundador do Alibaba, também sumiu dos holofotes após criticar os reguladores chineses. Ma permaneceu fora do radar por anos antes de reaparecer com um perfil mais discreto.