O conservador ultranacionalista Vladimir Zhirinovsky usou a pandemia como pretexto para se livrar do maior símbolo do passado socialista do país
Na Rússia capitalista, a múmia de Lenin é um patrimônio bastante polêmico e há muita discussão sobre o que fazer com ela. Com a crise do coronavírus, o partido ultranacionalista LDPR, usando a pandemia como pretexto, sugeriu a venda do corpo embalsamado do líder bolchevique para arcar as despesas criadas pela questão sanitária, mas a proposta está isolada entre os grupos políticos do país.
A sugestão partiu de Vladimir Zhirinovsky, que divulgou nas redes sociais: "Nós poderíamos vender a múmia de Lenin. Existem compradores: China, Vietnã ou algum outro tipo de [país] comunista. E o corpo está em boas condições, foi mumificado há apenas 96 anos". A ideia segue a linha de um empresário francês que sugeriu a venda da Mona Lisa com o mesmo objetivo.
Além das motivações ideológicas, um argumento usado pelos conservadores para a renúncia ao corpo embalsamado do fundador da URSS é o alto custo de sua preservação, que ultrapassa os 13 milhões de rublos (1,02 milhão de reais), num momento em que a economia russa está parada e o preço do petróleo despenca internacionalmente.
A múmia, porém, é o principal ponto turístico da Rússia, atraindo milhões de visitantes anualmente. Ele é também considerado o maior monumento político da história recente, e é muito visitado por políticos do Partido Comunista russo. Para Putin, presidente da Rússia, o corpo deve permanecer no mausoléu: "pelo menos enquanto tivermos entre nós muitas pessoas cujas experiências ainda estão ligadas, de alguma maneira, às realizações do período soviético".