Candiru foi preservado em formol e transferido para o acervo do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), onde agora serve para estudos científicos
Em outubro de 1997, um homem de 23 anos foi atacado por um candiru enquanto urinava no Rio Amazonas em Itacoatiara. O peixe, que pode atingir até 12 centímetros, entrou na uretra do paciente e causou dor e complicações significativas.
Após sofrer intensos sintomas e procurar tratamento em Manaus, o homem foi levado a uma clínica particular onde os médicos descobriram o peixe preso em sua uretra. O candiru, já morto e em decomposição, foi removido após cinco dias dentro do corpo do paciente.
"Ele ficou cinco dias com o peixe dentro do corpo. Fizemos a ultrassom e verificamos que o peixe havia mordido a uretra dele a cabeça do peixe estava dentro da bolsa escrotal", disse o urologista Anoar Samad, que comandou a equipe cirúrgica, em documento obtido pelo g1.
Conforme relatou o g1, o peixe foi preservado em formol e transferido para o acervo do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), onde agora serve para estudos científicos.
O Inpa, que possui uma coleção de mais de 61 mil tipos de peixes, mantém o candiru como item de pesquisa para ajudar a entender melhor a espécie.
O candiru está espalhado por toda a Amazônia. Eles são peixes hematófagos, ou seja, se alimentam de sangue. Eles procuram outras espécies com guelra aberta, e ali ficam, e também podem entrar em um ser humano, seja pela uretra, ou mesmo pelo nariz, pelo olho", disse a professora e doutora em ictiologia Lúcia Py-Daniel ao g1.
Lúcia também explicou que existem dois tipos principais de candiru: o candiru-açu, que se alimenta de carcaças e cadáveres, e o candiru, que é hematófago e pode atacar peixes e seres humanos. Cada espécie varia em tamanho e comportamento, com algumas alcançando até 12 centímetros.
"Nós já encontramos candiru-açu dentro de corpos que foram achados no rio. Fomos ao Instituto Médico Legal e lá estava o peixe dentro do cadáver. Ele se alimenta de corpos, de carcaças. E também tem outra espécie de candiru-açu que come somente peixinhos pequenos. Eles andam muito em cardume, então a probabilidade de encontrar com um é fácil, principalmente em água branca, como o Rio Amazonas e o Solimões", afirmou.