Ave conhecida por passar o inverno na região do Mediterrâneo e se reproduzir durante o verão na Sibéria Ocidental foi vista pela última vez há 3 décadas
Uma espécie de ave migratória conhecida por passar o inverno na região do Mediterrâneo e se reproduzir durante o verão na Sibéria Ocidental, o maçarico-de-bico-fino (Calidris bairdii), foi declarada extinta. Essa é a primeira vez que uma ave com habitat no norte da África, oeste da Ásia e Europa continental é considerada extinta globalmente.
Apesar de relatos ocasionais sobre avistamentos no leste da Europa nos últimos 30 anos, uma análise detalhada de fotografias, relatórios e registros históricos desde o final do século 19 confirmou que esses avistamentos não correspondiam à espécie.
“Quando o maçarico-de-bico-fino parou de retornar ao seu principal local de inverno em Merja Zerga, Marrocos, houve um grande esforço para tentar localizá-lo em áreas de reprodução”, explicou Alex Bond, curador sênior de pássaros no Museu de História Natural, segundo o portal Galileu.
Após expedições cobrindo centenas de milhares de quilômetros quadrados, os pesquisadores concluíram que o último registro confiável da espécie foi uma fotografia de 1995. Instituições como a BirdLife International e o Museu de História Natural corroboraram o anúncio da extinção.
Pouco se sabe sobre o maçarico-de-bico-fino, com dados limitados a descrições do biólogo russo Valentin Ushakov no século 20. A espécie, que fazia seus ninhos no chão e colocava até quatro ovos por temporada, nunca formou populações grandes. Durante as migrações, as aves eram frequentemente caçadas e vendidas em mercados europeus, especialmente na Itália.
A expansão agrícola na União Soviética e a conversão de áreas de reprodução em pastagens e campos agrícolas na Ásia Central contribuíram para o declínio da espécie. Alex Bond alerta que a extinção do maçarico-de-bico-fino é um reflexo do impacto crescente das mudanças climáticas e das atividades humanas. “Esse será o novo normal. E seja o maçarico-de-bico-fino hoje, ou algo como a abetarda-núbia no Sahel, as coisas não estão melhorando para os pássaros.”