Noelia Quintana descreveu a suposta solicitação de 150 bilhões de dólares como "uma mentira da imprensa brasileira"
Uma subcomissão montada pelos membros do bloco econômico Mercosul está investigando possíveis crimes ocorridos durante a Guerra do Paraguai, que se desenrolou entre 1864 e 1870, e foi um dos conflitos mais relevantes da história da América Latina.
Enquanto Brasil, Argentina e Uruguai, que formaram uma aliança tríplice contra o Paraguai, saíram vitoriosos, o país perdedor foi desolado pelo confronto militar.
Por esse motivo, o grupo Subcomissão Verdade e Justiça irá revisar os acontecimentos deste período, exigindo uma reparação histórica quando necessário. Na última semana, todavia, foi noticiado por alguns veículos jornalísticos brasileiros que isso ocorreria na forma de uma compensação financeira de cerca de 150 bilhões de dólares, ou o equivalente a 819, 4 bilhões de reais.
Em uma entrevista ao portal Extra, contudo, a historiadora Noelia Quintana, que é uma assessora do Parlasul (isso é, o Parlamento do Mercosul), negou a existência dessa suposta indenização.
"Não pedimos dinheiro. De onde tiraram essa mentira? O objetivo do Parlasul é uma reparação histórica. Mas estão mentindo. É uma mentira da imprensa brasileira. É uma mentira vil (...) Não é bom inventar falácias. As mentiras não constituem a irmandade regional. A reparação é moral, não econômica", apontou ela.
De acordo com Quintana, o que de fato está sendo buscado pela subcomissão é um reconhecimento por parte dos países vencedores dos horrores que teriam acontecido durante o conflito.
Ninguém pediu dinheiro. Só queremos a aceitação dos atos cometidos, os nossos arquivos e o nosso patrimônio material que foi roubado pelo Brasil. Aos paraguaios não interessa nenhuma moeda. Queremos reparações históricas e morais para tantas mentiras criadas como desculpas para os crimes que cometeram", explicou ao veículo da Globo.
A assessora do Parlasul afirmou ainda que, segundo acreditava, a Aliança Tríplice latina teria empreendido um extermínio, ou, de acordo com termos mais modernos, um genocídio do povo paraguaio.
"Em Yatay, eles massacraram prisioneiros rendidos. Estupraram mulheres, levaram paraguaios como escravos para o Brasil e como servos para a Argentina, incendiaram hospitais e não se responsabilizaram pela população durante a ocupação militar. Houve crimes de guerra graves", denunciou a historiadora.