“Classificados da Corte: o cotidiano do Rio de Janeiro joanino a partir dos anúncios de jornal”, de João Victor Pires, revela aspectos econômicos e sociais da cidade carioca
Lançada na Amazon em formato Kindle, a obra “Classificados da Corte: o cotidiano do Rio de Janeiro joanino a partir dos anúncios de jornal”, do jornalista e historiador João Victor Pires apresenta pesquisas minuciosas sobre o impacto social e econômico da transferência deDom João VIe de sua Corte para o Rio de Janeiro, em 1808.
A partir de pesquisas de anúncios dos classificados da Gazeta, publicados entre 1808 e 1821, o especialista investiga como era o cotidiano da cidade carioca durante aquele período.
“Com este trabalho, João Victor Pires apresenta-nos, mais do que uma tese universitária ou um estudo académico, um livro que pode e deve ser lido por leitores de todas as áreas sociais, etárias e culturais. Trata-se de um livro para o público brasileiro, sem dúvida, mas também para outros públicos, como aqueles que me são mais caros: o angolano e o português. Porquê? O subtítulo responde claramente à pergunta. Não o título, Classificados da Corte, que considero redutor, embora compreensível, aludindo a um vocábulo que é sinónimo de anúncio e que foi o mais usual na principal fonte histórica desta obra, a Gazeta do Rio de Janeiro, periódico coevo indubitavelmente patrocinado pela Corte. Mas o subtítulo, O cotidiano do Rio de Janeiro joanino a partir dos anúncios de jornal, é mais do que elucidativo”, disse o historiador Alberto Oliveira Pinto no prefácio do livro.
Ao longo de 11 capítulos, os leitores irão se deparar com a análise de 9211 anúncios publicados em 1610 edições do periódico Gazeta do Rio de Janeiro. A partir disso, é possível observar que a cidade carioca daquela época abrigou um mercado imobiliário com procura e preços ascendentes.
Além disso, houve um aumento no comércio de obras literárias e procura por cursos superiores, revelando aspectos particulares da educação e cultura do Brasil. Já na área da saúde, os escritos revelam que a Corte de Dom João VI enfrentou sérios obstáculos durante a campanha de vacinação contra a varíola.
Conforme as pesquisas do jornalista, é possível se deparar, ainda, com 1.400 anúncios relacionados à vida dos escravos, como comercialização dessas pessoas, recompensas para localizar indivíduos que tinham fugido e indicação dos portos e regiões sobre a origem deles.
Disponível na Amazon, a obra conta com ilustração de capa feita por Bia Penna e design da capa por Délcio Caiaia.
O recorte temporal entre 1808 e 1821 tem uma importância única para a história do Brasil como um todo, sendo notado com especial profundidade no Rio de Janeiro. Intensas modificações foram observadas em virtude da transferência do príncipe regente, futuro rei Dom João VI, e sua Corte para a cidade. Fugindo da ameaça da França de Napoleão Bonaparte, o soberano português optou por transferir a sede do Império para uma de suas colônias, o Brasil. Chegou ao Rio em março de 1808 e manteve a Monarquia instalada à beira da Baía de Guanabara até abril de 1821, quando regressou para Lisboa após 13 anos de residência nos trópicos.