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Notícias / Ursos

No Japão, ursos pardos desenterram floresta artificial e causa é preocupante

Em um novo estudo, pesquisadores descobriram que os animais que estão desenterrando a floresta se encontram em situação complicada

Isabelly de Lima Publicado em 04/03/2024, às 08h51

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Urso filhote e um adulto desenterrando floresta - Reprodução / 2024 Tomita e Hiura
Urso filhote e um adulto desenterrando floresta - Reprodução / 2024 Tomita e Hiura

Pesquisadores descobriram que ursos pardos no Parque Nacional de Shiretoko, no norte do Japão, estão desenterrando plantas em áreas florestadas pelos humanos, afetando o crescimento das árvores. O estudo, publicado na revista Ecological Society of America, revelou que essa prática danifica as raízes das árvores e altera o conteúdo de nitrogênio do solo.

Os ursos estão em busca de ninfas de cigarras, uma fonte de alimento incomum e escassa nessas florestas plantadas artificialmente.

A pesquisa comparou amostras de solo e árvores de áreas florestadas pelos humanos com florestas naturais e descobriu que o comportamento de escavação dos ursos tem impactos negativos nas áreas alteradas pelo homem. Em contraste, nas florestas naturais com vegetação diversificada, não foram observadas alterações.

“Embora o comportamento de escavação dos mamíferos em ecossistemas naturais tenha sido tipicamente visto como tendo uma influência positiva, a nossa investigação mostra que o resultado é diferente em paisagens antropogênicas (feitas pelo homem)”, relata Hiura, da Escola de Pós-Graduação em Ciências Agrícolas e da Vida em um comunicado.

Alimento peculiar

Os ursos de Shiretoko enfrentam escassez de alimentos, o que pode estar relacionado à sua busca pelas ninfas de cigarras. A região abriga uma das maiores densidades de cigarras no mundo, com cerca de 500 espécimes em uma faixa de 70 por 25 quilômetros.

Floresta desenterrada no Japão - Reprodução / 2024 Tomita e Hiura

Essa escassez de alimentos também afeta os ursos pardos em outras regiões do Japão, onde têm dificuldade em encontrar alimentos básicos, como salmão e nozes, devido às mudanças climáticas. Isso aumenta o risco de encontros entre humanos e animais, à medida que os ursos se aproximam de áreas habitadas em busca de comida, segundo a Galileu.

Em vez de depender de métodos de florestação artificial (conversão de terras em florestas), esta investigação destaca a necessidade de introduzir métodos de regeneração natural através da dispersão de sementes da área circundante”, reforçou Hiura no comunicado. “Isto não só restaurará ecossistemas com elevada diversidade de espécies e ricas interações entre animais e plantas, mas também será benéfico para a sociedade humana a longo prazo”.