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Notícias / Pré-história

Mulheres foram apagadas da pré-história, aponta revisão de dados arqueológicos

Historiadora estuda revisão de dados arqueológicos que comprova que mulheres foram apagadas da pré-história

Redação Publicado em 03/01/2023, às 18h17 - Atualizado às 18h49

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Imagem ilustrativa de pintura rupestre - Foto de  Rodrigo de la torre  no Pixabay
Imagem ilustrativa de pintura rupestre - Foto de Rodrigo de la torre no Pixabay

Uma pesquisadora do CNRS (órgão de apoio à ciência francês), através de uma revisão de dados arqueológicos, pôde estudar um processo de "apagamento" das mulheres da pré-história. A historiadora e pesquisadora, Marylène Patou-Mathis, escreveu o livro "O Homem Pré-Histórico Também é Mulher: uma História da Invisibilidade das Mulheres".

Baseando-se em artefatos, pinturas rupestres e esqueletos de mortuários coletivos que datam de mais 25 mil anos antes de Cristo, ela questionou a visão de alguns cientistas sobre os povos antigos.

Como informado pela Folha de São Paulo, ela defende que não existiu uma pré-história, mas várias sociedades pré-históricas com diferentes culturas e origens. 

"A observação a partir de povos caçadores-coletores no início do século 20 serviu de base para classificar as sociedades pré-modernas como patriarcais. O que eu estou apontando é que nos mais de 40 mil anos de evolução do homem moderno na Europa é pouco provável que só existiu essa forma de organização", explicou, em entrevista à Folha no mês passado.

Em seu livro, um exemplo é a atribuição da característica frágil ao corpo feminino, enquanto que o masculino seria forte e robusto. Ela reflete: "Meus estudos sobre os neandertais do período Paleolítico [até 8.000 a.C.] francês mostram que as mulheres eram tão robustas quanto os homens, então por que elas não poderiam também caçar e lutar?".

Guerreira viking

A historiadora junta evidências de outras sociedades com mulheres desempenhando o papel de guerreiras, como através de análises de ossos pré-históricos, que depois do advento da extração de DNA de ossos, puderam ser distinguidos quanto ao gênero e foi assim que se descobriu que um famoso guerreiro viking enterrado era uma mulher.

Ela também cita a produção de pinturas rupestres, que segundo ela, tem influência de um viés ideológico para a sua interpretação científica. 

"Não estou dizendo que homens não pintaram os desenhos de Lascaux, estou simplesmente dizendo que não há nenhuma prova de que foram só os homens. Não há evidências para sustentar essa visão a não ser um preconceito ideológico dos pesquisadores que as descreveram no passado", diz.

Ela explicou que esse "apagamento" ocorreu não apenas com mulheres, mas também com pessoas negras e em diferentes áreas de estudo como filosofia, ciências humanas e da terra e produção artística e musical.

De acordo com a professora da Universidade Federal do ABC, Fabiana Rodrigues Costa Nunes, áreas de arqueologia e antropologia, assim como a paleontologia,  foram influenciadas por uma visão masculina e até mesmo o conceito de seleção sexual de Charles Darwin.

"Também existia um exemplo interessante na paleontologia e na biologia evolutiva de diferença entre os sexos, com as fêmeas sendo vistas como coadjuvantes, como proposto no conceito de seleção sexual de Charles Darwin. Ele atribuía um protagonismo quase absoluto aos machos na competição entre eles e escolha das fêmeas, desconsiderando qualquer papel que pudesse ser atribuído a elas", disse.