A decisão de prática em exercício militar incomoda moradores locais e ativistas
Ao longo da última semana, a Marinha do Brasil anunciou que realizaria um exercício militar no arquipélago de Alcatrazes, localizado aproximadamente a 35 km ao sul de São Sebastião, no litoral norte do Estado de São Paulo. No entanto, a decisão tem sido alvo de diversas críticas, tanto por parte de moradores locais quanto por ativistas.
O anúncio da Marinha apontava inicialmente que o exercício, que incluiria bombardeio na região, seria realizado entre os dias 16 e 17 de agosto. No entanto, diversos ativistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) foram contrários à decisão, o que vem causando dor de cabeça a ambas as partes.
O arquipélago de Alcatrazes também é conhecido como 'Galápagos do Brasil', devido a grande biodiversidade que pode ser encontrada no local. Como informado pela UOL, inclusive, a região pode abrigar até mesmo algumas espécies endêmicas — que só existem naquele local.
As ilhas compõem o maior sítio reprodutivo de aves marinhas do Brasil, além da maior diversidade de peixes do país — de forma que alguns pesquisadores até mesmo acreditam que ali existem espécies que ainda não foram catalogadas.
Os exercícios militares devem se concentrar na Ilha da Sapata, a segunda maior do arquipélago, que conta com cinco no total. O uso militar da região começou ainda durante o período da ditadura militar no Brasil, mas em 2013 o governo de Dilma Rousseff (PT) baniu o uso das ilhas para essa finalidade, e Alcatrazes foi declarado Refúgio de Vida Silvestre, sob proteção da própria Marinha — até que, no ano passado, a volta dos exercícios militares fora anunciada.
Após receber muitas críticas de ambientalistas, na última quarta-feira, 10, a Marinha decidiu adiar o exercício militar que realizaria no arquipélago de Alcatrazes. Agora, após um acordo entre o órgão militar e o ICMBio, os bombardeios devem acontecer somente entre os meses de novembro deste ano e abril de 2023.
No entanto, em nota informada pelo g1, a Marinha alegou que o adiamento da atividade ocorreu somente devido a "motivos meteorológicos entre outros", e não graças ao posicionamento de ativistas pela fauna local.