Sirajuddin Haqqani falou sobre os planos do grupo jihadista para as afegãs durante uma entrevista
Em entrevista à CNN, Sirajuddin Haqqani, que é um vice-líder do Talibã e atualmente ocupa a posição de ministro do Interior no governo afegão, discorreu a respeito das decisões que definirão o futuro das mulheres no país.
O grupo fundamentalista islâmico, vale lembrar, tomou o poder no Afeganistão em agosto de 2021, vinte anos após seu último regime, que foi marcado pela repressão às mulheres e meninas. No período, elas eram impedidas de estudar e trabalhar, entre outras medidas restritivas.
Quando questionado a respeito do medo que as afegãs estariam sentindo de movimentar-se pelas ruas sabendo que a milícia extremista detém o controle do governo, Haqqani disse, rindo: "Mantemos mulheres desobedientes em casa".
Ao dizer mulheres desobedientes, foi uma piada referindo-se àquelas mulheres desobedientes que são controladas por alguns outros lados para questionar o atual governo", acrescentou como explicação à sua 'brincadeira'.
Atualmente, de forma similar ao último regime do Talibã, as afegãs são obrigadas a usarem a burca, peça de roupa que cobre o corpo inteiro, incluindo os olhos.
Ainda de acordo com a CNN, Haqqani explicou que mulheres podem "trabalhar dentro de sua própria estrutura", e meninas tem a liberdade de frequentarem a escola até a sexta série. "Não há ninguém contra a educação (das meninas)", enfatizou ele.
As declarações do político oferecem garantias de teor progressista, algo que tem sido visto desde a retomada o governo afegão pelo grupo jihadista, contudo, muitos analistas e cidadãos do próprio Afeganistão encaram essa narrativa com ceticismo.
Passo a passo, eles estão tomando todas as nossas liberdades. O Talibã de agora e o Talibã dos anos 90 são o mesmo — não vejo nenhuma mudança em suas políticas e regras", afirmou Fátima, uma adolescente afegã de 17 anos, também à CNN.