Presidente interino do país afirmou que as chamas, que já duram cinco dias, provocaram danos sem precedentes em diversas regiões
A Coreia do Sul enfrenta atualmente um dos piores incêndios florestais da história do país, que já causaram 18 mortes, destruíram mais de 200 estruturas e forçaram a evacuação de 27.000 pessoas.
O primeiro-ministro e presidente interino, Han Duck-soo, classificou os danos como "sem precedentes" após cinco dias de fogo ininterrupto. Ele instou as agências responsáveis a assumirem "o pior cenário" e a responderem com máxima urgência, segundo a agência Yonhap.
Durante os esforços de contenção, um helicóptero caiu na cidade de Uiseong, no sudeste do país, matando o piloto e levando o Serviço Florestal da Coreia a suspender todas as operações aéreas.
Na terça-feira, autoridades das cidades de Andong e outras localidades do sudeste ordenaram a evacuação de moradores enquanto os bombeiros enfrentavam focos impulsionados por ventos secos. De acordo com o The Guardian, o fogo já consumiu mais de 17.400 hectares, destruindo centenas de estruturas, incluindo o templo budista Gounsa, de 1.300 anos.
Segundo o Ministério do Interior e Segurança, as áreas mais afetadas são Andong, Uiseong, Sancheong e Ulsan, onde mais de 5.500 pessoas foram retiradas de suas casas. Embora os bombeiros tenham conseguido controlar parte das chamas, o clima seco e ventoso tem dificultado a contenção, permitindo que os incêndios se reacendam.
O incêndio em Uiseong, ainda apenas 68% contido, apresenta uma escala e velocidade "inimagináveis", segundo Lee Byung-doo, especialista do Instituto Nacional de Ciências Florestais. Ele alertou que, devido às mudanças climáticas, incêndios de grande porte devem se tornar mais frequentes. "Temos que admitir que os incêndios florestais em grande escala vão aumentar e preparar mais recursos e mão de obra", afirmou à imprensa local.
Quase 9.000 bombeiros, mais de 130 helicópteros e centenas de veículos foram mobilizados para combater os incêndios, mas as operações noturnas foram suspensas devido ao aumento dos ventos.
Nos condados de Andong e Uiseong, moradores de diversas aldeias e da região próxima à Universidade de Andong foram deslocados para abrigos temporários, como escolas e ginásios. O templo Gounsa, construído no século 7, foi consumido pelas chamas, mas seus principais tesouros, incluindo uma estátua de Buda de pedra, foram resgatados a tempo.
Em Yeongdeok, cidade costeira vizinha, as autoridades fecharam estradas e ordenaram a evacuação de quatro aldeias. Há relatos de que 2.600 detentos de uma prisão no condado de Cheongsong, também próximo a Uiseong, possam ser transferidos, embora o Ministério da Justiça ainda não tenha confirmado a informação.
Estudos indicam que as mudanças climáticas causadas pela ação humana estão aumentando a frequência e a intensidade dos incêndios florestais no sul da Europa, norte da Eurásia, Estados Unidos e Austrália, com sinais semelhantes no sul da China. No mundo todo, a temporada de incêndios se prolongou em cerca de duas semanas devido às alterações climáticas.