A poderosa Hatshepsut preferia ser retratada com barba
Uma escultura egípcia em relevo, guardada há 40 anos em um depósito na Universidade de Swansea, Inglaterra, foi identificada como uma rara imagem da faraó Hatshepsut, uma das únicas cinco mulheres que ocuparam essa posição, e foi a que manteve-se no trono por mais tempo e com mais sucesso.
A descoberta foi feita pelo professor de Egiptologia Ken Griffin, durante a preparação de uma aula. “Eu estava selecionando objetos para a sessão de manuseio e vi uma antiga foto em preto e branco de uma escultura que parecia ser mais interessante do que o resto”, conta ele à BBC.
Os dois fragmentos de calcário foram doados à universidade pelo empresário Henry Wellcome, em 1971. Eles têm cerca de cinco centímetros de espessura e, devido às marcas presentes na parte de trás, parecem ter sido removidos da parede de um templo.
As peças mostram a cabeça de uma pessoa, cujo rosto não aparece, e um leque logo atrás dela. A presença de uma cobra ao redor da testa da figura indica que se trata de um faraó. Além disso, hieróglifos localizados acima da cabeça usam pronomes femininos, indicando que a figura é uma mulher.
Griffin logo percebeu que a imagem era semelhante a relevos localizados no templo de Hatshepsut, em Deir el-Bahri, Luxor. Segundo ele, os detalhes dos cabelos e do leque são os mesmos dos murais de Deir el-Bahri. Agora, arqueólogos que estão trabalhando na escavação e restauro do templo de Hatshepsut vão tentar encontrar o local exato de onde os fragmentos foram retirados.
A parte de trás do fragmento superior revela um rosto barbado. Acredita-se que essa peça foi regravada em épocas recentes, com o objetivo de completar a imagem da faraó. Isso provavelmente foi feito por um antiquário para aumentar o valor da peça. Depois, os dois fragmentos foram colados na posição original.
Hatshepsut foi a quinta faraó da 18ª dinastia do Egito. Ela reinou, aproximadamente, de 1479 a.C. a 1457 a.C., período marcado pela paz e pela prosperidade econômica.
No início de seu reinado, Hatshepsut era vista como uma figura feminina, usando um longo vestido. Alguns historiadores acreditam que, conforme seu poder foi aumentando, ela passou a usar roupas masculinas e barbas postiças – costume exclusivo dos faraós, pois a barba era um símbolo da realeza tanto quanto a coroa. Outros pesquisadores afirmam que Hatshepsut ordenava que fosse representada com barba e sem seios, para mostrar poder e ausência de "fragilidade".