Estudo liderado por pesquisador brasileiro revela achado raro e pode mudar evolução de vertebrados
Nesta quarta-feira, 1, foi publicado na revista científica Nature, um estudo liderado pelo paleontólogo brasileiro Rodrigo Figueroa, sobre a descoberta de um fóssil de peixe com o cérebro preservado, datado de 319 milhões de anos. O achado, segundo nota oficial, pode mudar a estrutura de evolução dos vertebrados.
Segundo informações da revista Galileu, além do pesquisador brasileiro, uma equipe de doutorado do Departamento de Ciências da Terra e do Meio Ambiente da Universidade de Michigan, EUA, orientada pelo paleontólogo Matt Friedman, também participou das análises.
O peixe em questão trata-se de um Coccocephalus wildi (tradução livre para “cabeça de coco”, e latim), espécie encontrada por outros cientistas em 1920, na mina de carvão Mountain Fourfoot, Inglaterra.
Inicialmente, os profissionais envolvidos nas pesquisas utilizaram uma máquina de tomografia computadorizada para examinarem o interior do crânio fossilizado. Em comunicado, Friedman declarou:
Eu escaneei o fóssil e notei que havia um objeto distinto e incomum dentro do crânio. A bolha não identificada era mais brilhante na imagem da Tomografia — e, portanto, provavelmente mais densa —do que os ossos do crânio ou a rocha ao redor".
Em outro trecho, ele explica mais detalhes sobre o processo de reconhecimento e análise:
De início, era difícil saber até mesmo que se tratava de um cérebro, porque tem algumas concreções rochosas [...] Mas depois conseguimos identificar algumas características que definem o cérebro de um vertebrado, como a bilateralidade [simetria da direita para a esquerda] e a presença dos nervos cranianos".
De acordo com Figueroa, a importância da descoberta deve-se ao fato de que, na paleontologia, é comum a presença de lacunas causadas pela ausência de informações e estudos. Dessa forma, mais teorias poderão ser retrabalhadas e uma nova perspectiva sobre a evolução construída.
Com a ampla disponibilidade de técnicas de imagem modernas, eu não ficaria surpreso se descobrisse que cérebros fósseis são muito mais comuns do que pensávamos anteriormente. A partir de agora, nosso grupo de pesquisa e outros colaboradores vão olhar para crânios de peixes fósseis com uma perspectiva nova e diferente".