Achado feito em 2017 gerou conclusões que desafiam nossos conhecimentos paleontológicos
Um estudo publicado na Scientific Reports no último mês de janeiro descobriu que, de forma curiosa, um lagarto encontrado em Myanmar, na Ásia, seria ancestral de espécies que hoje habitam as Américas Norte e Central, a centenas de quilômetros de distância.
Vale dizer que o fóssil analisado foi localizado no ano de 2017 em uma mina de âmbar, e sua análise foi parte de um esforço internacional que incluiu o uso tomografia computadorizada para gerar modelos 3D do animal.
Conforme descoberto pelos cientistas, o réptil viveu há nada menos que 110 milhões de anos. Seu incrível estado de conservação, porém, que apenas foi alcançado devido às características únicas do âmbar, uma resina que é capaz de proteger tecidos moles da decomposição, permitiu que a morfologia do fóssil fosse descrita em detalhes pela pesquisa.
“Tivemos a rara oportunidade de estudar o esqueleto articulado, mas também descrever a aparência externa do lagarto, da mesma forma que os herpetólogos (especialistas em anfíbios e répteis) estudam as espécies modernas”, explicou Juan Diego Daza, um dos principais autores do artigo, de acordo com o Sci News.
Foi esse estudo cuidadoso que estabeleceu o parentesco do lagarto fossilizado com espécies modernas encontradas na América.
Para elucidar esse mistério geográfico, os especialistas teorizam que, durante o Cretáceo Inferior, o território que hoje corresponde a Myanmar poderia estar conectado a outro continente que não o asiático.
“Naquela época, a área pode ter sido uma ilha que se separou da Austrália e viajou para o noroeste", disseram os pesquisadores na pesquisa.
O artigo inédito pode fornecer peças valiosas ao quebra-cabeça que é a evolução das linhagens das famílias reptilianas.