Autor de 'Ainda Estou Aqui' revelou desconforto com filmes de heróis: "As pessoas estão cansadas dessa 'Marvelização'"
O filme 'Ainda Estou Aqui', representante do Brasil no Oscar de 2025, superou as expectativas ao estrear nos cinemas e arrecadar mais de R$ 1 milhão no seu primeiro fim de semana, conquistando a liderança nas bilheteiras do país.
O sucesso do longa, dirigido por Walter Salles, está alinhado com a visão do escritor Marcelo Rubens Paiva, autor do livro que inspirou a obra. Para Paiva, o público está cansado da "Marvelização" do cinema, referindo-se ao possível esgotamento das franquias de super-heróis, especialmente após o fracasso de alguns filmes da Marvel e DC.
Em coletiva de imprensa, Paiva afirmou que o público estava buscando algo diferente: "As pessoas estavam com saudade de filmes como Ainda Estou Aqui. Este não é apenas uma homenagem ao cinema, é um tipo de filme que faltava. As franquias estão tendo baixa bilheteira, o que é um movimento interessante. As pessoas estão cansadas da 'Marvelização' e querem ver filmes bons", comentou o autor.
O sucesso de Ainda Estou Aqui é corroborado pelos números: o filme, exibido em 189 cidades e 610 salas de cinema, já levou mais de 350 mil pessoas aos cinemas desde sua estreia, tornando-se a maior estreia de um filme nacional da Sony desde 2015.
Marcelo Rubens Paiva compartilhou sua surpresa com a recepção do público: "Quando voltei ao Brasil, fiquei assustado, as pessoas estão me reconhecendo na rua. É maravilhoso ver o cinema brasileiro conquistando o público de novo", disse o autor.
Ele também ressaltou o impacto internacional do filme: "Todas as sessões em Veneza, Nova York e Toronto estavam lotadas. As pessoas estavam ansiosas por um filme humano, que as tocasse. Fico feliz em ver Eunice Paiva compartilhando essa história com o mundo."
Ainda Estou Aqui se passa no Brasil de 1971, em um período de crise e crescente repressão da ditadura militar. A trama, baseada nas memórias de Marcelo sobre Eunice, narra a história de uma mãe de cinco filhos que, após o sequestro e desaparecimento de seu marido sob a custódia da Polícia Militar, se reinventa como ativista.
O elenco do filme conta com Fernanda Torres, Selton Mello e uma participação especial de Fernanda Montenegro. Esta é a primeira direção de Walter Salles em 12 anos e o filme segue em cartaz nos cinemas.