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Notícias / EUA

Condenado à pena de morte usa o jazz para defender sua inocência nos EUA

Preso há 36 anos, condenado afirma ser inocente e conta com ajuda de pianista de jazz para lutar por sua liberdade; entenda!

por Giovanna Gomes
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Publicado em 14/11/2024, às 07h41

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Imagem ilustrativa - Imagem de Sbringser por Pixabay
Imagem ilustrativa - Imagem de Sbringser por Pixabay

O jazz pode oferecer esperança a um condenado à morte. É nisso que acreditam o músico espanhol Albert Marquès e Keith LaMar, preso nos Estados Unidos sob pena de morte. Na última terça-feira, 12, durante um show em Londres, eles defenderam a inocência de LaMar.

Aos 55 anos, LaMar nega as acusações que o mantêm preso há 36 anos. No concerto realizado no Old Bailey, Tribunal Penal Central da Inglaterra e do País de Gales, ele declamou suas rimas por telefone, diretamente da prisão em Youngstown, Ohio, enquanto Marquès tocava piano.

“Os concertos criam uma empatia que às vezes leva certas pessoas a se envolverem. E este é o poder da música, que não é maior do que o de um juiz, mas cria caminhos”, disse Marquès à agência de notíscias AFP. De acordo com o portal O Globo, o pianista catalão, de 38 anos, mora em Nova York desde 2011 e conheceu a história de LaMar por meio do livro Condemned (Condenado, em tradução livre), escrito pelo prisioneiro em 2014.

A parceria começou em 2020, durante a pandemia. “Conversando com um vizinho, ele mencionou o livro e me chamou a atenção que Keith LaMar disse que John Coltrane, o músico de jazz, o mantinha são. E eu tive a ideia de fazer shows-manifestações”, contou Marquès. Desde então, ele se uniu à organização "Justice for Keith LaMar", que luta por sua libertação.

LaMar foi condenado à morte em 1995, acusado de ter um papel crucial na morte de outros presos durante um motim em 1993. “Tenho certeza de que ele é inocente. Acredito que tudo o que estamos fazendo levará à sua libertação, o que fará com que casos semelhantes também sejam esclarecidos. É por isso que eles são tão resistentes. É um castelo de cartas e, se ele for solto, tudo vem abaixo”, afirmou o pianista.

LaMar seria executado em 16 de novembro de 2023, mas a falta de injeções letais adiou a execução para janeiro de 2027, segundo as autoridades de Ohio.

“Se você perder o controle de uma prisão, você falhou. Alguém tem que pagar. Dez pessoas morreram, nove prisioneiros e um guarda branco, e isso teve um grande impacto na mídia. O Estado diz que Keith organizou o motim e matou cinco pessoas”, explicou Marquès. Ele destacou que as acusações se baseiam apenas nos testemunhos de outros presos que receberam redução de pena em troca.

Preso desde os 19 anos, Keith teria matado um amigo em uma disputa de drogas. “Dizem que qualquer advogado decente poderia ter dito que ele havia lutado em legítima defesa”, pontuou Marquès.

Primeiro concerto

O primeiro concerto da dupla ocorreu em agosto de 2020, na Grand Army Plaza, no Brooklyn, onde Marquès vive. “Lendo seu livro, vi um poema e disse a ele: por que você não o recita comigo tocando piano? Ensaiamos e fizemos um concerto na rua”, lembrou o músico. Desde então, os dois têm se apresentado em universidades e outros espaços nos EUA, América Latina e Europa.

“Tudo isso não funcionaria se Keith e eu não fôssemos muito amigos. Meus filhos o conheceram e minha esposa conversa com ele com frequência. Ele é um dos meus melhores amigos”, disse Marquès, que já visitou LaMar várias vezes, mesmo com os 630 quilômetros que separam Nova York de Youngstown.

Os shows, batizados de “Freedom First”, deram nome ao primeiro álbum da dupla, lançado em 2022. No show em Londres, eles foram acompanhados pelo saxofonista Jean Toussaint, vencedor do Grammy, em um evento promovido pela organização britânica Amicus, que combate a pena de morte nos EUA.

O projeto já rendeu prêmios, como o concedido pelo Conselho Municipal de Berlim e outro da revista Time Out. Além disso, Marquès escreveu o livro O Jazz Toca no Corredor da Morte sobre a experiência. Em maio de 2025, o segundo álbum da parceria será lançado.