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Notícias / Hunos

Estudo aponta que os hunos, que aterrorizaram Roma, eram um povo miscigenado

Pesquisa publicada recentemente analisou DNA antigo de esqueletos encontrados na atual Hungria e regiões vizinhas, onde ficava o reino dos hunos

por Giovanna Gomes
ggomes@caras.com.br

Publicado em 26/03/2025, às 11h11

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Guerreiro huno enterrado há mais de 1500 anos - Divulgação/Boglárka Mészáros/BHM Aquincum Museum
Guerreiro huno enterrado há mais de 1500 anos - Divulgação/Boglárka Mészáros/BHM Aquincum Museum

Um novo estudo indica que os hunos, os bárbaros mais temidos da Antiguidade e responsáveis por devastar territórios do Império Romano do Ocidente, eram um povo miscigenado, com ancestrais vindos de diversas partes da Europa e da Ásia.

A pesquisa, publicada no último dia 24 na revista PNAS e liderada por Guido Gnecchi-Ruscone, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionista, analisou DNA antigo de esqueletos encontrados na atual Hungria e regiões vizinhas, onde se localizava o reino dos hunos. O objetivo era esclarecer a origem desse povo, cujo líder mais famoso, Átila, quase conquistou Roma em 452 d.C., deixando um rastro de destruição na Itália, na Gália e em outras províncias romanas.

Os historiadores da Antiguidade retratavam os hunos como um povo nômade e feroz, vindo de terras distantes do leste, mas suas descrições tinham um tom mitológico e impreciso. Uma hipótese moderna sugeria que os hunos poderiam ter descendido dos xiongnu, cavaleiros das estepes que formaram um império na Mongólia no século I d.C. No entanto, a lacuna de vários séculos entre o declínio dos xiongnu na Ásia e a chegada dos hunos à Europa dificultava uma confirmação mais precisa dessa conexão.

O grande diferencial do novo estudo foi a comparação do DNA de indivíduos enterrados em cemitérios hunos com o material genético de povos da Ásia Central, incluindo os próprios xiongnu. Os resultados mostraram que os hunos eram, de fato, um povo geneticamente diverso, combinando linhagens europeias e asiáticas.

Elite imperial xiongnu

Além disso, foi possível identificar uma ligação direta entre alguns desses indivíduos miscigenados e membros da elite imperial xiongnu, reforçando a tese de que pequenos grupos desses nômades orientais migraram lentamente para o oeste, misturando-se a diferentes populações ao longo do caminho.

Os próprios relatos romanos sugerem como esse processo pode ter ocorrido. Os hunos eram conhecidos por incorporar povos derrotados às suas fileiras, como os godos, um conjunto de tribos germânicas. Há indícios de que o nome Átila fosse, na verdade, um apelido de origem gótica, com significado próximo a "paizinho".

Além disso, as invasões hunas desencadearam um efeito dominó, empurrando os godos e outros povos germânicos para dentro do Império Romano, o que contribuiu para seu colapso.