'A Viagem de Pedro', da diretora Laís Bodanzky, narra o momento em que Dom Pedro volta para Portugal
Nos últimos meses, um dos assuntos que tem causado polêmica dos brasileiros se refere justamente às comemorações do bicentenário da Independência do Brasil: a vinda coração de Dom Pedro I, personagem que até hoje é símbolo do episódio histórico.
O órgão do imperador, conservado há mais de 180 anos, pertence a cidade de Porto, em Portugal, no entanto, fora emprestado pelo país para a comemoração. Mas, não foram todos que aprovaram o empréstimo de um símbolo tão singular.
Uma dessas pessoas é a diretora Laís Bodanzky, que lança nesta semana o longa 'A Viagem de Pedro', filme que retrata o período em que Dom Pedro I abdica o trono brasileiro e retorna para Portugal, onde trava uma guerra com o próprio irmão.
Curiosamente, o órgão se relaciona com a linha do tempo que é mostrada no filme. Afinal, foi após esse conflito que o imperador faleceu. Laís não concordou com a ideia de trazer o coração do personagem histórico para o Brasil.
"Esse coração não pertence ao Brasil, e sim à cidade do Porto. Ele queria que ficasse em Portugal, deixou em testamento", explicou Laís, conforme repercutido pelo O Globo. "Ele pediu que ficasse lá em homenagem aos combatentes do Porto. Porque foi com eles que ele conseguiu vencer a guerra contra seu irmão, uma guerra impossível".
A diretora, então, relembra a dimensão do conflito que marcou os momentos finais do personagem histórico, e enfatiza que o órgão pertence a história de Portugal.
Foi uma guerra quixotesca, que durou 1 ano e meio. Ele tinha 7 mil soldados contra 80 mil do irmão. Logo depois, ele contraiu tuberculose e morreu. Esse coração pertence à história de Portugal", disse ela.
Laís também acredita que a viagem representa um risco para a conservação do órgão.
"Não faz sentido do ponto de vista científico. Pode ser que ele volte despedaçado, porque ele está dentro de um líquido, está muito frágil. É como se fosse um pedaço de pão que está se desmanchando. Não pode balançar, não pode ter contato com a luz", enfatizou a diretora.
Em entrevista ao site Aventuras na História, o escritor e pesquisador Paulo Rezzutti explicou a história por trás da conservação do coração de Dom Pedro I e também deu sua opinião sobre a viagem do órgão até o Brasil.