Sementes de uva encontradas na cidade de Mantai podem ter sido importadas por mercadores romanos
Um novo estudo revela que comerciantes de todo o mundo – inclusive do Império Romano – podem ter visitado ou até mesmo vivido em Mantai, no noroeste do Sri Lanka. Há 1 500 anos, a cidade abrigava um porto movimentado onde os comerciantes negociavam os produtos mais valiosos da época.
A cidade portuária, que floresceu entre 200 a.C. e 850 d.C., ligava os pontos distantes da Ásia, África, Europa e Oriente Médio. O cravo-da-índia indonésio e a pimenta indiana passavam por ali antes de serem levados às cozinhas do Oriente Médio e de Roma.
Uma equipe liderada pelo Departamento de Arqueologia do Sri Lanka analisou os restos de plantas e materiais retirados do solo escavado. Os especialistas encontraram produtos exóticos, como pimenta preta carbonizada, datada de 600 a 700 d.C., e um único cravo, de 1100 d.C..
Eleanor Kingwell-Banham, arqueobotânica da Universidade College London que participou do estudo, afirma que as especiarias são um achado raro. “Como eram tão valiosas, as pessoas no passado realmente se certificavam de que não as perderiam ou queimariam”.
Também foram encontrados restos que podem ligar Mantai ao antigo mundo mediterrâneo, como grãos de trigo datados de 100 a 200 a.C. e sementes de uva de 650 a 800 a.C.. Os dois alimentos não são cultiváveis no clima tropical úmido do Sri Lanka.
Segundo Robin Coningham, arqueólogo da Universidade de Durham, a descoberta de uvas e trigo em Mantai é surpreendente. “Ela muda o foco de mercadorias transportadas do sul da Ásia ao mundo romano para mercadorias que foram na direção oposta.”
Os especialistas acreditam na possibilidade de que mercadores romanos tenham visitado e se estabelecido em Mantai, cozinhando os alimentos de sua terra natal.