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Notícias / Pirâmides

Construção das pirâmides causou poluição do Nilo por cobre há 5 mil anos

Contaminação das águas do Nilo teria começado por volta de 3.265 a.C.; caso de contaminação metálica é o mais antigo documentado

por Giovanna Gomes
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Publicado em 03/09/2024, às 13h30

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Pirâmide de Quéops - Wikimedia Commons/Nina
Pirâmide de Quéops - Wikimedia Commons/Nina

O primeiro grande caso de contaminação metálica causada por atividades humanas foi revelado em 2019, durante uma escavação no Cairo, em local próximo à Grande Pirâmide de Gizé, onde, há milênios, existia o antigo Porto de Khufu. No local, há cerca de 4,6 mil anos, o meio ambiente já estava sendo afetado por práticas industriais.

Publicado na revista GeoScienceWorld, o estudo utilizou traçadores geoquímicos para examinar a metalurgia na área do antigo porto, conforme informou a revista SuperInteressante.

Situado ao longo de um ramo extinto do Nilo, esse polo industrial foi crucial para a logística de transporte de materiais, abrigando uma importante indústria de fabricação de ferramentas de cobre, como brocas e lâminas, muitas das quais eram misturadas com arsênico para maior durabilidade.

Poluição

Embora a construção das pirâmides exigisse grandes quantidades de ferramentas metálicas, a importância dessas práticas de metalurgia e a contaminação resultante muitas vezes ficaram em segundo plano nos estudos focados nas técnicas de construção das pirâmides. No entanto, essa pesquisa conseguiu revelar a história da poluição no local.

Os arqueólogos descobriram que a contaminação das águas do Nilo por metais começou por volta de 3.265 a.C., indicando que a ocupação humana e a metalurgia em Gizé tiveram início mais de 200 anos antes do que se imaginava.

Ao medir os níveis de cobre, arsênico, alumínio, ferro e titânio, os cientistas estabeleceram uma cronologia com seis datas de carbono-14, concluindo que a contaminação metálica atingiu seu auge durante a construção das pirâmides, por volta de 2500 a.C., e persistiu até cerca de 1000 a.C.

Este é o registro mais antigo de contaminação metálica regional documentado no mundo, com níveis de cobre “5 a 6 vezes maiores que os níveis naturais,” destacou Alain Véron, um dos pesquisadores.

Além disso, a descoberta oferece novos entendimentos sobre a vida dos cidadãos comuns do antigo Egito, revelando como as comunidades locais se adaptaram às mudanças ambientais e mantiveram suas atividades industriais, mesmo após o fim da construção das pirâmides e durante períodos de agitação social.