Isabel Allende diz que prefere 'não pensar' no que escreveu em 1982
Éric Moreira Publicado em 15/08/2022, às 11h03 - Atualizado em 21/08/2022, às 11h00
Neste ano, o livro 'A Casa dos Espíritos', criado pela escritora chilena Isabel Allende, completa 40 anos desde sua publicação. Dessa forma, em entrevista recente à CNN Espanhol, a autora disse que voltou a ler a obra, que veio a se tornar um dos livros mais importantes da literatura latino-americana, e comentou sobre sua escrita da década de 1980.
Segundo Allende, ela reconhece que o mundo mudou muito nos últimos 40 anos, e isso refletiria diretamente na forma como se dá sua escrita. Dessa forma, ela entende que no livro aparecem diversas palavras e termos que causariam polêmica nos tempos atuais, por serem muitas vezes ofensivos ou até mesmo politicamente incorretos.
Se um editor me pedisse para publicar novamente, eu reduziria o livro em muitas páginas", diz Isabel Allende durante a entrevista, como informado pela CNN Brasil. "Prefiro não pensar no que escrevi, porque não tem mais como corrigir", lamenta.
Além disso, ainda durante a entrevista, Allende opina que sustentar o "politicamente correto" tem suas dificuldades. "O humor não tem mais sentido, porque o humor é sempre incorreto, é cruel, é irônico. Me parece que as coisas não são aceitáveis hoje", conta a autora chilena.
'A Casa dos Espíritos' possui uma adaptação para o cinema, lançada em 1993, e estrelada por Winona Ryder, Antonio Banderas e Meryl Streep. Ainda em conversa à CNN, Isabel Allende comentou sobre incômodo com o longa, e mencionou uma minissérie inspirada no livro que será lançada em breve.
Naquela época não podia ter uma filme comercial com êxito se não fosse em inglês. As pessoas não estavam acostumadas, tinham que ser com estrelas de Hollywood, porque se não reconhecessem os atores, nunca faria sucesso", critica. "Foi todo filmado na Europa, com um elenco de Hollywood, e não tinha nada de América Latina ou Chile."
Em sequência, depois de ter mencionado a série em produção, ela comenta satisfeita que "hoje está tudo muito mudado". "Pode se fazer uma série, um filme, em qualquer idioma, que vão te assistir", continua a autora. A minissérie ainda contará com um total de 10 episódios e, dessa vez, será dirigida pela cineasta chilena Francisca Alegría.
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