Queda na leitura atinge todas as faixas etárias e classes sociais, com o aumento do tempo de tela sendo o principal vilão
A 6ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada nesta terça-feira, 19, revelou um cenário preocupante para o hábito da leitura no país: mais da metade da população brasileira, 53%, não leu nem parte de um livro nos últimos três meses. Essa é a primeira vez, desde o início da pesquisa em 2007, que o número de não-leitores supera o de leitores.
A queda na leitura é generalizada, atingindo todas as faixas etárias, classes sociais e níveis de escolaridade. Nos últimos cinco anos, o Brasil perdeu mais de 7 milhões de leitores, totalizando uma redução de 11,3 milhões desde 2015.
A coordenadora da pesquisa, Zoara Failla, aponta diversos fatores para explicar essa situação. Um dos principais é o aumento do tempo de tela entre a população. "As telas estão roubando o tempo do livro", afirma Failla na pesquisa. A pandemia também teve um impacto significativo, com a interrupção das aulas presenciais e a consequente redução do contato com livros nas escolas.
Outro fator relevante é a mudança nos hábitos de leitura das famílias. A pesquisa mostra que o hábito de presentear livros caiu nos últimos anos, enquanto o acesso às telas aumentou. "As famílias estão dando menos livros de presente para os filhos e estimulando o entretenimento por telas", observa Zoara.
A redução da leitura tem diversas consequências negativas para a sociedade, como a diminuição da capacidade crítica, a dificuldade de compreensão de textos complexos e o empobrecimento cultural. Além disso, a leitura é fundamental para o desenvolvimento cognitivo e para o aprendizado ao longo da vida.
Para reverter essa situação, é necessário um esforço conjunto de diversos atores sociais, como escolas, famílias, bibliotecas e governo. Segundo 'O Globo', algumas medidas que podem ser adotadas são:
Incentivar a leitura desde a infância: É fundamental que as crianças tenham contato com livros desde cedo, tanto em casa quanto na escola.
Oferecer mais opções de leitura: É preciso ampliar o acesso a livros de qualidade, a preços acessíveis, e diversificar os formatos de leitura (impresso, digital, audiobook).
Promover a leitura em espaços públicos: Bibliotecas, parques e outros espaços públicos podem ser transformados em ambientes propícios à leitura.
Utilizar as tecnologias a favor da leitura: As tecnologias digitais podem ser utilizadas como ferramentas para estimular a leitura, como aplicativos de leitura, plataformas de e-books e redes sociais que promovem a troca de livros e dicas de leitura.