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Matérias / Seita

Conheça a história de seitas que promoveram mortes em massa

Nas últimas décadas, o fanatismo religioso e a busca desesperada por respostas levaram ao surgimento de várias seitas — algumas com finais trágicos

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 19/11/2024, às 19h00 - Atualizado às 20h28

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Vernon Howell, Marshall Applewhite e Jim Jones - Getty Images
Vernon Howell, Marshall Applewhite e Jim Jones - Getty Images

Nas últimas décadas, algumas histórias que chamaram atenção na mídia internacional envolvem pessoas ou organizações que provocam inúmeras mortes. Às vezes, assassinos em série; outras, terroristas e grupos extremistas; porém, as seitas muitas vezes conseguem ser ainda mais chocantes.

Isso porque histórias tétricas como as da Família Manson, responsáveis diretos pelo assassinato de Sharon Tate em 1969, ou dos seguidores da Igreja Internacional da Boa Nova morrerem desidratados e desnutridos no Quênia chocam pela forma como, em alguns casos, criminosos assumem uma imagem "messiânica" e dominam a mente de muitas pessoas, manipulando-as como queiram.

E em alguns casos mais absurdos, essas seitas até mesmo levaram seus seguidores a cometer suicídios coletivos, marcando a história para sempre com uma grande mancha de sangue. Confira a seguir a história de três seitas que chocaram o mundo ao promover suicídios em massa:

1. Templo do Povo

Na década de 1950, o americano Jim Jones fundou um grupo religioso chamado Templo do Povo, propagando a ideia de criar uma espécie de "paraíso socialista" em que não existiriam fronteiras de raça ou nacionalidade. No entanto, como essa ideia não se encaixava muito bem nos Estados Unidos, além de o grupo chamar atenção pelo estilo messiânico e ditatorial do pastor, em 1975 Jones convenceu cerca de 900 seguidores a se moverem com ele para a Guiana, onde fundou a comunidade de Jonestown.

Lá, Jones discursou muito o governo americano ser uma ameaça ao seu "paraíso", e também fazia seus seguidores participarem do que chamava de "noites brancas", onde simulavam mortes coletivas. Com o tempo, essa informação chegou ao então deputado da Califórnia Leo Ryan, que viajou até Jonestown para investigar o que acontecia por ali.

No entanto, a missão terminou com membros do Templo do Povo disparando contra Ryan e outros companheiros, que morreram no local. Com uma represália iminente do governo americano, Jones reuniu (quase) todos os membros da comunidade, e pediu uma "noite branca" final.

Ao todo, mais de 900 pessoas morreram, incluindo crianças e bebês, após tomar uma bebida alterada com cianeto; o próprio Jones foi encontrado com um tiro na cabeça. Esse episódio é lembrado até hoje como o maior suicídio coletivo da História.


2. Ramo Davidiano

Incêndio no Mount Carmel em 1993 / Crédito: Getty Images

Derivado do grupo religioso davidiano da Igreja Adventista do Sétimo dia, o Ramo Davidiano foi uma seita fundada em 1955 por Benjamin Roden na cidade de Waco, no Texas. No entanto, muito mudou depois que o jovem Vernon Howell entrou no grupo, em 1981.

Parte de uma família disfuncional, Howell tinha antecedentes criminais por relações sexuais com uma menor de idade. No entanto, após uma disputa pelo domínio do grupo, ele acabou emergindo como líder dos davidianos, e passou a se chamar de David Koresh, reivindicando com isso uma conexão com David, o rei dos judeus, e com Ciro, o Grande, da Pérsia.

Autoproclamando-se como o último profeta, Howell afirmou ter recebido o mesmo nível de inspiração que Jesus ao ser batizado, e seus ensinamentos da Bíblia, com interpretações próprias do que seria o Apocalipse, atraíram seguidores. Enquanto se preparava para o Apocalipse, ele criou um "Exército de Deus" e começou uma corrida por acúmulo de armas no complexo conhecido como Mount Carmel, conforme repercute a BBC.

Na seita, ele praticou "casamentos espirituais" com várias mulheres, inclusive, teve filhos com elas, mas foram acusações de abusos sexuais e tráfico de armas que chamaram a atenção do Departamento de Justiça americano. Então, no começo de 1993, o complexo foi cercado por dezenas de agentes com treinamento militar — o que se prolongaria por 51 dias.

Passado esse tempo, no dia 19 de abril as autoridades decidiram realizar uma investida no complexo, lançando gás lacrimogênio e iniciando, inclusive, uma troca de tiros. Horas depois, um grande incêndio iniciou-se no local, e, em apenas alguns minutos, Mount Carmel foi reduzido a cinzas, com a morte de todos os 79 davidianos que havia ali — incluindo o próprio Koresh, com um tiro na cabeça.


3. Heaven's Gate

Marshall Applewhite / Crédito: Getty Images

O advento da internet também foi crucial para que a seita Heaven's Gate, que utilizou o espaço online para difundir suas crenças para um público mais amplo, tornou-se uma das primeiras seitas virtuais.

A seita, cujo nome pode ser traduzido para "Portões do Céu", foi fundada no início da década de 1970 por Marshall Applewhite e sua esposa, Bonnie Nettles, uma enfermeira que conheceu quando esteve internado em uma instituição psiquiátrica. Juntos, viajaram pelos Estados Unidos e recrutaram seguidores, que chamavam de "a tripulação", até que finalmente se estabeleceram no sul da Califórnia.

Mesmo após a morte de Nettles, em 1985, Applewhite seguiu no comando do grupo, cuja filosofia misturava ideais da Igreja Presbiteriana e crenças em alienígenas e OVNIs. O líder da seita pregava que era o Advento de Cristo, que Deus era alienígena e, como padrão em grupos do tipo, que o fim do mundo estava chegando.

Além disso, Applewhite pregava que seus seguidores deveriam "superar suas vibrações genéticas como uma forma de sair de seus veículos para que seus espíritos pudessem ressurgir a bordo de uma nave espacial e alcançar o próximo nível evolutivo acima do ser humano". Em outras palavras, eles foram convencidos a comer purê de maçã e barbitúricos — um fármaco que atua no sistema nervoso central —, com doses de vodca.

Toda a farsa chegou ao fim em 26 de março de 1997, quando a polícia entrou na sede da seita e encontrou 39 pessoas mortas no local, incluindo o próprio Applewhite. Eles estavam cobertos com mantos púrpura, sacos plásticos na cabeça e vestiam moletons preto e branco, com tênis da Nike.