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Notícias / Segunda Guerra Mundial

Após 80 anos, bandeira de japonês morto na Segunda Guerra volta para casa

Um japonês de 81 anos chamado Tsukasa Hiyama recebeu recentemente uma lembrança do pai, que lutou e morreu na Segunda Guerra, perdida há 8 décadas

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 26/09/2024, às 15h00

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Fotografia tirada durante cerimônia de recebimento da bandeira - Divulgação/OBON Society
Fotografia tirada durante cerimônia de recebimento da bandeira - Divulgação/OBON Society

Recentemente, um japonês de 81 anos chamado Tsukasa Hiyama recebeu, em uma cerimônia realizada em Tottori, no Japão, uma bandeira repleta de mensagens e assinaturas. Porém, para ele aquele item antigo tinha um significado bastante especial: ela pertenceu a seu pai, Yukikazu Hiyama, um soldado que foi morto há cerca de 80 anos na Segunda Guerra Mundial.

Segundo a Revista Galileu, foi no mesmo dia que Tsukasa nasceu, em 1943, que seu pai foi enviado pelo Exército Imperial Japonês para as Filipinas, onde lutou ao lado dos países do Eixo — Alemanha, Itália e Japão — na Segunda Guerra. Porém, dois anos depois, a mãe de Tsukasa, Asae Hiyama, recebeu a notícia de que o marido foi morto em campo de batalha, e por isso não retornaria para casa.

Viúva, Hiyama seguiu sua vida, cuidando de seu filho, até falecer em 2000. E o filho, Tsukasa, acabou crescendo sem nunca ter recebido os restos mortais do pai, nem seus pertences pessoais, de forma que não tinha qualquer lembrança, exceto as histórias que ouviu.

Mas recentemente, essa história finalmente foi mudada: a OBON Society, uma iniciativa sem fins lucrativos dos EUA que devolve pertences perdidos aos familiares de soldados japoneses, encontrou Tsukasa e, agora idoso, finalmente conseguiu deter de uma lembrança bastante simbólica do pai: a bandeira do Japão repleta de assinaturas que levou consigo para a guerra.

Bandeira de Yukikazu Hiyama / Crédito: Arquivo Pessoal

Bandeiras do tipo eram comuns de serem carregadas por soldados durante a Segunda Guerra. Conhecidas como "Yosegaki Hinomaru", elas eram cheias de mensagens de boa sorte feitas à mão por amigos e entes, podendo variar em tamanho, mas que, geralmente, eram pequenas o suficiente para serem carregadas dentro dos uniformes.

Eventualmente, porém, os japoneses foram derrotados na guerra, e por isso muitos soldados dos países Aliados — URSS, Estados Unidos, Reino Unido e França — levaram consigo itens, incluindo essas bandeiras, para suas próprias casas como lembranças. E foi assim que a Yosegaki Hinomaru de Yukikazu Hiyama viajou para o outro lado do mundo.

+ EUA: Família encontra artefatos japoneses roubados durante a Segunda Guerra

Tesouro de guerra

Quem levou a bandeira em questão para casa foi um soldado americano chamado Bernard Stein. E em entrevista ao The Washington Post, seu neto, Scott Stein, disse que cresceu observando aquela bandeira japonesa pendurada na parede da sala do avô:

Sabíamos que ele tinha passado por um combate realmente pesado, mesmo que ele nunca falasse sobre a Guerra. Até o final de sua vida, nunca descobrimos onde ele havia conseguido a bandeira, mas víamos o quão importante ela era para ele", disse Scott Stein ao The Washington Post.

Eventualmente, a bandeira foi passada adianta após a morte do avô, até chegar a Scott, que a pendurou em sua própria parede. Porém, ao perceber que não queria uma decoração em sua casa que recordasse à Segunda Guerra, ele decidiu retirar aquela lembrança e a guardou, decidido a não passá-la para a próxima geração da família.

Foi então em 2017 que Scott descobriu a OBON Society, para quem entregou a bandeira. Os pesquisadores da instituição então identificaram o nome do proprietário original, bem como o de seus amigos e familiares que haviam assinado a peça, até que, enfim, chegaram a Tsukasa — o que foi uma tarefa difícil, visto que ele não tem irmãos e vive em uma das áreas menos populosas do Japão, segundo a revista Smithsonian.

No evento de entrega da bandeira, que ocorreu no fim de agosto, estiveram presentes não só o próprio Tsukasa, como também dezenas de amigos, familiares e outros membros da comunidade, cujos ancestrais também assinaram aquela bandeira.

Quando segurei a bandeira em minhas mãos, senti como se pudesse sentir o calor do meu pai pela primeira vez. O retorno da bandeira me trouxe, por fim, uma sensação significativa de encerramento", afirmou Tsukasa também ao The Washington Post.
Tsukasa Hiyama durante cerimônia para receber a bandeira de seu pai / Crédito: Divulgação/OBON Society

Por fim, além do evento para receber a bandeira, Tsukasa ainda levou aquela lembrança ao túmulo de sua mãe. E assim, finalmente, Yukikazu Hiyama retornou para casa, ao lado de sua amada Asae Hiyama e de seu filho.