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Notícias / Arqueologia

Antes dos Incas, império Wari já mostrava seu poder através do pigmento, sugere estudo

Primeiro grande império da América do Sul, o império Wari valorizava as artes e os objetos ao invés da escrita

Fabio Previdelli
por Fabio Previdelli
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Publicado em 20/03/2023, às 15h11

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Um vaso de cerâmica com pigmentos e técnicas de decoração de influência Wari - Field Museum anthropology collections
Um vaso de cerâmica com pigmentos e técnicas de decoração de influência Wari - Field Museum anthropology collections

Habitantes do Peru entre os séculos 7 e 11, o império Wari tinha uma cultura baseada no material, sem usar a escrita. Ou seja, eles valorizavam as artes e os objetos. E foi justamente o resgate de parte desses objetos que fizeram arqueólogos terem um vislumbre maior de sua cultura. 

Um estudo recente publicado no ‘Journal of Archaeological Science: Reports’ retrata como pesquisadores americanos conseguiram entender a cultura do povo a partir de um material incomum: o pigmento

Às vezes, as pessoas pensam no Inca como o primeiro grande império da América do Sul, mas os Wari vieram primeiro”, afirma Luis Muro Ynoñán, do Field Museum of Natural History, em Chicago, ao Cosmos Magazine. 

“Como eles não usavam a escrita… coisas como cerâmica teriam sido um meio importante para transmitir mensagens sociais e políticas. O impacto visual desses objetos teria sido superpoderoso.”

O estudo 

E foi a partir da análise da pigmentação de peças de cerâmica encontradas nos vales de Jequetepeque, Nasca e Moquegua — atual Peru — que Ynoñán e seus colaboradores compreenderam que os pigmentos pretos compostos de manganês e ferro eram semelhantes em cada região. 

Isso sugere que o povo Wari facilitou o acesso ao pigmento em todo o território, como uma marca imperial visto constantemente em louças de barro ou outros objetos do tipo. Segundo os pesquisadores, isso seria uma forma de garantir uma “experiência de cor Wari” que confere autoridade aos objetos.

Com isso, enquanto algumas culturas combinavam materiais de ferro e cálcio em suas paletas de pigmentos, o povo Wari usavam o manganês como um símbolo de inserção cultural, um atestado como um rótulo de “feito em”, dizem os estudiosos. 

O uso de 'Wari black' garantiu a manutenção da marca do império, mesmo onde a cerâmica manteve características locais. “Em geral, na região andina, a cor preta está relacionada aos ancestrais, à noite, à passagem do tempo”, explica Muro Ynoñán.

Na época Wari, a cor provavelmente foi importante para impor uma ideologia Wari específica às comunidades que eles conquistaram”, encerra.