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Notícias / Arqueologia

Análise 3D revela que guerreiro celta foi ferido em batalha há 2500 anos

De acordo com novo estudo, guerreiro celta da elite teria vivido tempo suficiente para que ferida na pélvis cicatrizasse

por Giovanna Gomes
ggomes@caras.com.br

Publicado em 14/04/2025, às 11h18

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Esqueleto de guerreiro - Divulgação/Universidade de Tuebingen
Esqueleto de guerreiro - Divulgação/Universidade de Tuebingen

Um novo estudo revelou que um guerreiro celta de elite, ferido há cerca de 2.500 anos por uma flecha, sobreviveu tempo suficiente para que sua lesão cicatrizasse parcialmente — um feito notável para a época, atribuído a cuidados médicos precisos. A pesquisa, publicada no dia 23 de fevereiro no International Journal of Osteoarchaeology, analisou o esqueleto do guerreiro, encontrado em um túmulo da Idade do Ferro no sul da Alemanha.

Segundo Michael Francken, osteologista do Escritório Estadual de Preservação de Monumentos do Conselho Regional de Stuttgart e autor principal do estudo, a recuperação parcial indica que o tratamento durou várias semanas. "A maioria dos homens desse período estava familiarizada com o combate, mas as elites provavelmente estavam mais focadas nele", explicou Francken à Live Science por e-mail.

O esqueleto foi descoberto décadas atrás em Heuneburg, enterrado sob um grande monte funerário com cerca de 43 metros de diâmetro e 3 metros de altura. Apesar da ação de saqueadores na Antiguidade, arqueólogos encontraram fragmentos de uma carruagem, joias e um cinto metálico, o que permitiu datar o sepultamento entre 530 e 520 a.C.

A análise revelou uma grave lesão no osso isquiático esquerdo — parte da pelve conhecida como osso “sitz” —, próxima à cavidade do quadril. A trilha do ferimento indica que o homem foi atingido na parte frontal da pelve, possivelmente enquanto corria, cavalgava ou estava sentado.

Embora nenhum artefato ofensivo tenha sido recuperado no túmulo ou no osso, imagens de tomografia computadorizada 3D permitiram aos pesquisadores fazer uma impressão negativa da ferida. O formato e o tamanho apontam para uma longa ponta de flecha com extremidade em forma de diamante, comumente usada em batalhas da época.

De acordo com o Live Science, o fato de o osso não ter sido totalmente perfurado sugere que a flecha foi removida — e com habilidade. "A cicatrização da lesão implica que a ponta da flecha foi habilmente removida e a ferida recebeu tratamento médico adequado", afirmaram os autores do estudo.

Instrumentos cirúrgicos

Embora não existam registros escritos sobre práticas médicas no início da Idade do Ferro, a necessidade de ampliar o canal da ferida para remover o projétil indica o uso de instrumentos cirúrgicos rudimentares. Após o procedimento, o guerreiro provavelmente passou semanas em recuperação, o que reforça sua posição social elevada.

"Isso sugere que a pessoa ferida provavelmente pertencia a uma classe social isenta do trabalho físico diário para seu sustento", escreveram os pesquisadores.

As bordas lisas da lesão indicam que a flechada ocorreu pelo menos alguns meses antes da morte do homem. No entanto, Francken observou que não é possível afirmar se há uma ligação direta entre a ferida e o óbito.

A natureza da batalha em que o guerreiro foi atingido permanece desconhecida, já que não há registros escritos de conflitos daquele período. Ainda assim, o contexto do túmulo — considerado um “enterro principesco” — reforça que ele era parte da elite celta, homenageado com uma sepultura digna de seu status.