Sobreviventes de acidentes podem se tornar alvo de estudos que buscam compreender melhor o funcionamento do cérebro
Por vezes existem acidentes que têm todas as chances para se tornarem fatais, mas, por todo um conjunto de circunstâncias, acabam não o sendo. As pessoas que sobrevivem a esses eventos podem tornar-se um objeto de estudo para a Ciência.
Um desses casos é um brasileiro que há cerca de dez anos teve a sua cabeça atravessada por uma vara de aço e sobreviveu. Agora, uma década depois do acidente, Eduardo, é alvo de estudos de uma equipe de neurocientistas brasileiros e estadunidenses.
Em agosto de 2012, Eduardo estava no seu trabalho, usando capacete quando, numa altura que se agachou, foi atingido por uma vara de aço de 2,5m que tinha caído de uma altura de 15m o que se calcula como um impacto de cerca de 300kg. Eduardo foi atingido no cimo da sua cabeça e a vara acabou saindo pelo meio dos olhos.
Após horas numa cirurgia delicada, ele perdeu cerca de 11% de massa encefálica do lado direito. Como sabemos, o córtex pré-frontal é uma área vital, responsável pelas nossas tomadas de decisões, comanda os nossos impulsos, a memória, o planejamento de futuro, o raciocínio e gerência as nossas emoções.
Com a dimensão da lesão, os médicos esperavam que Eduardo apresentasse alterações comportamentais. Assim, ficou decidido que ele teria acompanhamento para tentar compreender como poderia evoluir a sua situação depois do acidente.
A história de Eduardo foi praticamente idêntica a outra ocorrida nos Estados Unidos há 174 anos, com a diferença que o outro operário foi atingido no lado esquerdo. Phineas Gage tinha 25 anos quando uma vara de aço lhe caiu na cabeça perfurando através do lado esquerdo.
Contudo, ao contrário de Eduardo, Gage sofreu alterações comportamentais, tornando-se extremamente agressivo, falecendo 12 anos depois do acidente devido a crises de epilepsia. O seu crânio tornou-se uma espécie de relíquia e pode ser visto no Warren Anatomical Museum, em Boston.
Em relação ao Eduardo, este apresenta dificuldades em realizar tarefas que exijam o trabalho dos dois lados do cérebro em simultâneo, mas não apresentou sinais de agressividade.
Os cientistas que o acompanham concluíram que um lado do cérebro tenta sempre compensar o outro e querem reproduzir essa compensação cerebral em outros pacientes com traumas.
* Prof. Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues é PhD em Neurociências, Mestre em Psicanálise, Doutor e Mestre em Ciências da Saúde nas áreas de Psicologia e Neurociências com formações também em neuropsicologia, licenciatura em biologia e em história, tecnólogo em antropologia, pós graduado em Programação Neurolinguística, Neuroplasticidade, Inteligência Artificial, Neurociência aplicada à Aprendizagem, Psicologia Existencial Humanista e Fenomenológica, MBA, autorrealização, propósito e sentido, Filosofia, Jornalismo, Programação em Python e formação profissional em Nutrição Clínica. Atualmente, é diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito; Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, diretor da MF Press Global, membro da Sociedade Brasileira de Neurociências e da Society for Neuroscience, maior sociedade de neurociências do mundo, nos Estados Unidos. Membro da Mensa International, Intertel e Triple Nine Society (TNS), associações e sociedade de pessoas de alto QI, esta última TNS, a mais restrita do mundo; membro-sócio da APBE - Associação Portuguesa de Biologia Evolutiva.