Gary Liu, diretor-executivo do jornal South China Morning Post, teve acesso a um material confidencial sobre a pandemia
Após apresentar queda no número de mortos e infectados pelo coronavírus, a China planeja acabar com a quarentena na província de Hubei. Entretanto, a queda do número de mortos e infectados que foram divulgados causam dúvida sobre a disseminação do coronavírus no país.
"Um terço do total dos testes positivos é assintomático e não está sendo incluído nos números oficiais", afirmou Gary Liu, diretor-executivo do South China Morning Post, jornal de Hong Kong, em uma live na última quarta-feira, 25. Ele acrescentou ao dizer que os jornalistas do South tiveram acesso a um material confidencial sobre o vírus.
No dia 25 de março, a China atingiu 81.285 casos oficiais e relatou 3.287 mortes. Porém, nas últimas 24 horas, o número caiu drasticamente para 67 novos casos e seis mortes. Ao comparar com outros países, a taxa da China é ainda mais questionável. Enquanto o epicentro da Covid-19 apresenta uma queda, a Itália registrou 5.210 novos casos e 683 mortes. Da mesma forma, o Brasil registrou hoje, 307 novos casos e 13 mortes nas últimas 24 horas.
Além do jornal de Hong Kong, uma emissora pública do mesmo local têm feito críticas ao número oficial divulgado pelo governo chinês. Na última segunda-feira, 23, o veículo de comunicação afirmou que os hospitais de Wuhan não estavam fazendo testes em pacientes que apresentavam os sintomas do coronavírus.
"Então poderíamos ter outros 30%, além dos números que estamos vendo hoje. Foi o que descobrimos. Agora, não acredito que isso seja um exemplo do governo chinês tentando ocultar informações. É apenas uma questão de definições que os países têm debatido”, afirmou Liu.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o correto é adicionar os testes positivos de pessoas assintomáticas ao número oficial de infectados. Entretanto, o Japão e o Brasil, por exemplo, não estão realizando testes em pessoas que não apresentam os sintomas da doença.
O diretor-executivo do jornal também explicou que a China deixou de incluir os casos assintomáticos na contagem no dia 7 de fevereiro. Entretanto, mesmo sem testar os assintomáticos, o país faz com que o suposto infectado realize uma quarentena de duas semanas. Em seguida, as autoridades procuram entrar em contato com todas as pessoas que tiveram ligação física com o indivíduo infectada.
De acordo com o governo local, Wuhan não apresentou novos casos da doença por cinco dias. Na última segunda-feira, 23, foi confirmado um caso da doença. Já nesta sexta-feira, 27, foram registrados 55 novos casos, onde 54 são importados.