O escritor Paulo Rezzutti explica como a etiqueta se tornou um fator crucial na hegemonia política da época
Isabelly de Lima, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 24/04/2023, às 20h00 - Atualizado em 29/05/2023, às 13h42
Imagine a existência de um local em que diversas pessoas estejam dentro, competindo por um prêmio, e para isso, elas precisem passar por provas e desafios para consegui-lo... Parece que estamos discutindo acerca de algum reality show, certo? Errado! Estamos falando do conhecido Palácio de Versalhes, a sede do poder francês por mais de 100 anos.
As pessoas do palácio configuravam os nobres franceses e o prêmio envolvia os benefícios dados pelo rei. Já as provas eram as minúcias da etiqueta do Palácio de Versalhes. Segundo o escritor e pesquisador Paulo Rezzutti, a própria Maria Antonietajá reclamava das etiquetas do local, definindo-as como 'tortura'.
Versalhes continua sendo um dos palácios mais magníficos do mundo e foi a residência do rei da França entre o reinado de Luís 14 e a Revolução Francesa. A construção foi erguida em cima de um campo de caça e já reaproveitou uma estrutura de castelo que se encontrava ali, levando 50 anos para ser finalizada.
Luís 14, apelidado de 'Rei Sol' — por querer ser o centro das atenções —, não media esforços para observar todos em seu palácio. Rezzutti afirma que não bastava estar em Versalhes, era preciso também "ser visto em Versalhes pelo rei".
Ainda de acordo com Rezzutti, para que as pessoas conseguissem se destacar, o monarca organizou um ritual de reverência. O objetivo era fazer com que aqueles mais nobres chegassem cada vez mais próximo do rei, a fim de serem vistos e reconhecidos por ele.
Para os aristocratas, isso era um jeito de se destacar aos olhos do rei, a ponto de receber uma das inúmeras funções na corte. Além do prestígio pessoal, essas funções também traziam remunerações, algumas delas bem polpudas”, explica o escritor.
Rezzutti ainda reforça que esses benefícios não eram para todos, inclusive a participação dos súditos na corte. Para isso, era necessário ser “aceito” na corte, a fim de ter uma frequência nos eventos do local. Paulo afirma: “Para ser aceito na corte, era um longo processo, não era uma coisa simples”.
Primeiro, era preciso que os genealogistas certificassem a nobreza da pessoa, que contava com uma análise profunda dos antepassados daquele súdito.
Para as mulheres era um pouco mais fácil, bastava elas serem casadas com um nobre. Depois era preciso fazer sua apresentação oficial, o que também não era uma coisa muito simples”, diz Paulo.
Quer saber mais sobre a divisão de poder no Palácio de Versalhes? Confira o vídeo completo do pesquisador Paulo Rezzutti, que explica como a etiqueta no Palácio de Versalhes corroborou com a economia e o poder na França: