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Curiosidades / Múmias

Transe e cantora-sacerdotisa: Veja múmias do Egito que já estiveram no Brasil

Hoje, existe apenas uma múmia egípcia no solo brasileiro; porém, já existiram outras, que infelizmente foram perdidas após tragédia em 2018

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 11/09/2024, às 12h40 - Atualizado às 13h09

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Múmias de Kherima, Tothmea e esquife de Sha-amun-en-su - Licença Creative Commons via Wikimedia Commons / Divulgação/Museu Egípcio Rosacruz
Múmias de Kherima, Tothmea e esquife de Sha-amun-en-su - Licença Creative Commons via Wikimedia Commons / Divulgação/Museu Egípcio Rosacruz

Faraós, pirâmides, esfinges, hieróglifos, engenharia, rituais, religião, agricultura, sepultamentos, astronomia... No passado, os egípcios foram responsáveis por transformações e descobertas fascinantes, entrando para a História como uma das mais importantes civilizações.

Porém, uma característica que ficou marcada sobre os egípcios é que eles tinham concepções únicas sobre a morte, levando ao surgimento de rituais únicos de sepultamento. E, uma técnica que empregavam era o embalsamamento de cadáveres, para que os corpos ficassem preservados para o falecido no pós-vida. Esse processo resultava na criação de múmias. 

É ainda mais surpreendente que, mesmo tantos milênios depois, muitas delas ainda podem ser encontradas por arqueólogos no Egito, e até mesmo podem ser encontradas em museus ao redor do mundo. Um desses países é o Brasil. 

Tothmea

Múmia de Tothmea / Crédito: Divulgação / Museu Egípcio Rosacruz

Hoje, a única múmia egípcia que ainda pode ser observada em solo brasileiro é conhecida como Tothmea. Descoberta na segunda metade do século 18 na região da antiga capital Tebas (atual Luxor), ela pertence a uma mulher que viveu no Egito há entre 2,5 mil e 2,7 mil anos, e hoje está exposta Museu Egípcio e Rosacruz, em Curitiba, no Paraná, onde chegou em 1995.

Estudos realizados na múmia de Tothmea em terras brasileiras apontaram que ela faleceu com apenas 25 anos, e tinha cerca de 1,48 metro de altura. Além disso, seu caixão tinha uma inscrição de "servidora de Ísis", sugerindo que teria sido cantora ou musicista nos templos da deusa Ísis.

Porém, embora seja a única que ainda pode ser visitada no Brasil, os brasileiros já se depararam com outros exemplos. Isso porque, segundo o g1, havia outras do tipo — algumas parciais, como apenas cabeças ou pés mumificados — no Museu Nacional, no Rio de Janeiro. No entanto, elas foram destruídas em 2018, após o grande incêndio que atingiu a instituição em 2 de setembro daquele ano.

Kherima

Múmia Kherima no Museu Nacional do Rio de Janeiro / Crédito: Wikimedia Commons

Uma das múmias mais famosas, que poderia ser visitada no Museu Nacional antes do incêndio, era Kherima, com cerca de 2 mil anos, ela veio ao Brasil em 1824, trazida pelo comerciante Nicolau Fiengo. Eventualmente, foi comprada por Dom Pedro I, que a doou ao Museu Real — fundado em 1818 e que, posteriormente, se tornou no Museu Nacional.

Esta múmia, conforme descreve a BBC, destacava-se por possuir seus membros enfaixados individualmente. Além dela, vale mencionar, só havia outras oito múmias do tipo em todo o mundo.

Além da raridade, ela também ficou famosa por outro motivo. Na década de 1960, uma jovem teria tocado em seus pés e, em transe, teria dito que ela pertencia a uma princesa de Tebas chamada Kherima, que foi assassinada a punhaladas. Também existem vários relatos de mal súbito de pessoas que se aproximaram ao corpo, criando uma atmosfera mística em torno da múmia.

Outros estudos revelaram, posteriormente, que Kherima era filha de um governador de Tebas, e faleceu com algo entre 18 e 20 anos. Ela viveu durante o Período Romano no Egito, entre os séculos 1 e 2, e sua causa de morte nunca foi identificada.

+ Kherima: a rara múmia egípcia que pertenceu a Dom Pedro I

Outras múmias

Múmia Kherima de corpo inteiro / Crédito: Licença Creative Commons via Wikimedia Commons
Múmia de Harsiese em exposição no Museu Nacional, antes do incêndio / Crédito: Licença Creative Commons via Wikimedia Commons
Exposição com o sarcófago e a múmia de Sha-Amun-en-su no Museu Nacional / Crédito: Licença Creative Commons via Wikimedia Commons

O incêndio do Museu Nacional levou à destruição de um acervo enorme e um dos mais raros e valiosos da América Latina. No episódio, também foram destruídos o fóssil humano mais antigo já encontrado no Brasil — Luzia —, um esqueleto de dinossauro, o trono de um rei africano... Em uma longa lista de 20 milhões de itens, dos mais variados.

Já sobre múmias egípcias, o acervo contava com duas cabeças e um crânio mumificados, alguns caixões em forma de animais, dois gatos mumificados, um pé direito e um pé esquerdo mumificados, crocodilos mumificados e até a múmia de criança não identificada.

Porém, com mais destaque, havia ali a Múmia de Harsiese, que estava mantida dentro de seu sarcófago, também parte do acervo. Harsiese teria sido um sacerdote do templo do deus Amon em Karnak (atual Luxor).

Outro sarcófago notável era o de Sha-amun-en-su, que abrigava a múmia de uma sacerdotisa e cantora egípcia que viveu em Tebas durante a primeira metade do século 8 a.C.. Ela foi recebida como presente por Dom Pedro II em 1876, durante sua segunda visita ao Egito.