Em 1927, Fred Trump foi preso após um ato do grupo de extrema-direita. Questionado sobre os fatos, o presidente dos Estados Unidos sempre negou as acusações
Desde sua criação, em meados de 1860, a Ku Klux Klan já registrou mais de 4 milhões de membros. Originado no Tennessee, Estados Unidos, o movimento de extrema-direita teve três fases e, até hoje, conta com simpatizantes no mundo todo.
Atualmente, o grupo radical conta com 72 células nos EUA, das quais entre 5 a 8 mil indivíduos fazem parte. Em um movimento mais silencioso, a KKK continua com seus ideais supremacistas e anticatólicos, além do ódio contra muçulmanos e LGBTs.
Com um longo histórico de intolerância, a família Trump foi fortemente criticada nos anos 1920 por um suposto envolvimento no Klan. De acordo com pesquisas feitas em 2016, Fred Trump, o pai de Donald, já foi membro do grupo supremacista.
Antigos documentos
Em 2016, durante a corrida presidencial nos Estados Unidos, a imprensa norte-americana encontrou diversas publicações datadas de 1927. Bastante numerosas, as manchetes vinham de periódicos conceituados, como o New York Times.
Segundo narrado nas reportagens da época, Fred Trump teria sido foi preso em um tumulto, ocorrido após um ato da Ku Klux Klan, em Nova York. É claro que, em 2016, a descoberta viralizou nas redes sociais e Donald Trump foi confrontado pela imprensa.
"Ele não tem nada a ver com isso. Isso nunca aconteceu”, retrucou o, agora, presidente dos Estados Unidos. “Ele nunca foi preso, condenado, nem mesmo acusado. Isto é completamente falso, uma história ridícula. Ele nunca esteve lá.” Só que as reportagens contam uma história um pouco diferente.
Uma história, duas versões
Ainda que o presidente norte-americano tenha negado as narrativas publicadas na década de 1920, as manchetes encontradas não mentem. Fred Trump, de fato, foi preso com outras seis pessoas naquele dia, quando tinha 21 anos.
Mas em algumas coisas Donald estava certo. Na época, seu pai realmente não foi acusado ou indiciado formalmente. E as reportagens da não deixam clara a relação entre Fred e a Ku Klux Klan — apenas afirmam que ele foi detido em uma confusão posterior ao ato liderado pelo grupo de direita.
As matérias também não especificam qual o papel de Fred no tumulto, nem o motivo exato da detenção inicial. Na data, mais de mil homens da Ku Klux Klan participaram de uma marcha no Queens, em Nova York.
Ódio persistente
Sobre os acontecimentos de 1927, Donald Trump sempre manteve o mesmo posicionamento. Entretanto, é impossível negar o processo movido pelo Departamento de Justiça de Richard Nixon, ocorrido em 1973.
Na ocasião, Donald e Fred Trump foram indiciados por atitudes racistas e discriminatórias em sua imobiliária. Segundo os documentos da ação legal, pai e filho estavam modificando o sistema de aluguel das casas que ofertavam.
De acordo com um ex-zelador ouvido na época, os Trump davam ordens detalhadas, a fim de manifestar seu preconceito. Dessa forma, o trabalhador era obrigado a marcar todos os formulários de interesse preenchidos por negros. Assinalados com um C, de cor, os documentos eram, então, descartados pelos proprietários da empresa.
Para o processo, testes foram feitos com os Trump. Homens negros e brancos eram enviados à loja. Ambos tinham o mesmo discurso: estavam procurando casas para alugar. E deveriam ter o mesmo tratamento.
Entretanto, no estabelecimento, os negros recebiam respostas negativas, enquanto brancos eram apresentados a apartamentos de luxo. Para a promotoria, ficou mais do que óbvio que o esquema era motivado pelo discurso de ódio racial.
Frente às acusações, a Família Trump decidiu por um acordo. Os termos, segundo publicado pelo New York Times à época, foram vistos como positivos pelo governo norte-americano, que aceitou a proposta.
Três anos mais tarde, entretanto, o Departamento de Justiça de Richard Nixon voltou a processar Donald e Fred. Pela segunda vez, o homem que, no futuro, seria o presidente dos Estados Unidos, estaria atuando de forma discriminatória em sua loja.
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