Em 1972, o norte-americano Joseph Losey lançou 'O Assassinato de Trotsky', um longa que narra os acontecimentos que culminaram no homicídio do revolucionário bolchevique
"Ah, fazia tempo que eu não me sentia tão bem. Hoje eu poderia escalar montanhas.” Após ter dito isso, no dia 20 de agosto de 1940, então com 60 anos, Leon Trotsky deveria mesmo ter ido para o alto de uma montanha.
Isso porque, ainda que ele não esperasse por essa cartada do destino, foi em sua residência, na Cidade do México, que o revolucionário bolchevique acabaria assassinado — justamente nesse dia em que se admirava da própria disposição.
Lançado em 1972, um filme do americano Joseph Losey apresenta um pouco da rotina desse já envelhecido Trotsky no México, onde se exilou para fugir da perseguição de Stálin. Ainda mais, o longa 'O Assassinato de Trotsky' também narra os preparativos que levaram à brutalidade que foi seu homicídio.
Um rápido prólogo nos lembra que esse soviético (interpretado por Richard Burton) havia sido líder do Exército Vermelho que venceu a guerra civil após a Revolução Russa (então, quando manifestantes de extrema-direita no Brasil dizem que “nossa bandeira jamais será vermelha”, talvez ignorem o fato, mas a culpa é toda de Leon Trotsky, que venceu o Exército Branco durante esse conflito).
Com a morte de Lenin, a oposição a Stálin, cada vez mais poderoso e ciumento de seu poder, acabou levando à expulsão de Trotsky da União Soviética. No longa, toda a narrativa ganha ainda mais destaque com a interpretação do francês Alain Delon como Frank Jackson, o assassino do personagem histórico.
O nome verdadeiro desse criminoso era Ramón Mercader, que assumiu uma identidade falsa para se envolver romanticamente com uma apoiadora (Romy Schneider) de Trotsky e ter livre acesso à casa do intelectual marxista.
Sua missão foi uma encomenda do próprio Stálin, que sempre temeu uma volta do rival ao cenário político soviético. Ansioso e angustiado, o assassino no filme parece um Hamlet hesitante frente à violência que precisa cometer. Tanto que a ação do crime mistura selvageria extrema com falta de jeito para a coisa.
Em vez de uma arma de fogo, Jackson escolhe uma picareta de alpinismo para acertar a cabeça de Trotsky. E o golpe é tão mal executado — já que o assassino fechou seus olhos na hora H — que o soviético não morreu no ato.
Pelo contrário: “Trotsky pulou em cima de mim e mordeu a minha mão (...) Então cambaleou para fora do escritório”, disse o vilão para a polícia. A vítima só morreria no dia seguinte. Quando questionado na delegacia, ainda zonzo devido aos recentes acontecimentos, sobre sua verdadeira identidade, Jackson/Mercader acerta na resposta que acabaria por defini-lo nos livros de história: “Eu matei Trotsky”.
Alexandre Carvalho é jornalista e criou, em 2005, a revista de cinema paisà. É autor dos livros 'Inveja — como ela mudou a história do mundo' (2015) e 'Freud — para entender de uma vez' (2017).
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