Os Homens Invisíveis das duas produções não apenas se tornam invisíveis através de métodos diferentes, como também possuem personalidades muito distintas
No último sábado, 21, a emissora Globo exibe o filme "O Homem Invisível" (2020) no Supercine, que faz parte da programação da madrugada. O longa-metragem consiste em um remake de um clássico da Universal Studios cujo original foi lançado em 1933.
O primeiro "O Homem Invisível" não só foi um grande sucesso de bilheteria, como também conquistou a aclamação dos críticos, se tornando um clássico do cinema e inspirando diversas sequências ainda no século 20.
Vale destacar, é claro, que a história não surgiu já nas telonas de Hollywood. O filme é, na verdade, inspirado em um livro homônimo. Lançada ainda em 1897, a versão escrita da obra de ficção é de autoria de H.G. Wells, um mestre da ficção científica e do terror.
Assim, pode-se considerar que o temível Homem Invisível vem assustando o público há diversas gerações. A produção cinematográfica de 2020, portanto, configura apenas sua mais recente aparição na cultura pop.
Outro detalhe importante é que, a cada vez que a história do vilão é recontada, algumas modificações são feitas à história. O filme original de 1933 e o de 2020 também contam com diferenças importantes. Descubra abaixo quais são os três principais pontos de divergência!
No primeiro filme da Universal Studios, o Homem Invisível, que é chamado de Jack Griffin, é um cientista que descobre um sérum de invisibilidade enquanto faz experimentos com a misteriosa "monocane", uma droga que só existe dentro do universo da história.
O cientista começou a realizar os experimentos, aliás, por amor: ele tentava encontrar um avanço científico que o tornasse bem-sucedido a fim de que pudesse, então, se casar com Flora, personagem por quem é apaixonado, conforme explicado pelo portal ScreenRant.
Já na versão mais recente da produção, o Homem Invisível se chama Adrian Griffin, e atua como engenheiro no campo de óptica. O que leva à sua invisibilidade, neste caso, é um traje especial. Diferente do sérum, portanto, não é algo permanente — e também pode ser acessado por terceiros, o que de fato acontece durante a reviravolta do fim do filme.
Um elemento importante que diferencia os Griffins dos diferentes filmes é que, no caso de Jack, ele se torna um vilão no decorrer do enredo, enquanto Adrian, ao que tudo indica, sempre foi um.
Isso, pois, o primeiro é levado à loucura — e toma comete atos vilanescos — como efeito colateral do sérum que o tornou invisível. O segundo, por outro lado, já era uma pessoa abusiva e manipuladora previamente à elaboração de seu traje de invisibilidade, que se torna apenas uma nova ferramenta através do qual pode exercer seu lado vilanesco.
Outra divergência relevante é que, o filme de 2020, contextualiza os atos condenáveis do Homem Invisível dentro da temática da violência doméstica.
A protagonista, Cecillia Cass (interpretada pela renomada Elizabeth Moss) começa o filme fugindo de Adrian Griffin (vivido por Oliver Jackson-Cohen). Ao lado dele, foi submetida a uma série de abusos físicos e emocionais, e as consequências psicológicas deixadas por esse trauma continuam a persegui-la enquanto ela tenta reconstruir sua vida longe do ex-parceiro.
Neste contexto, a invisibilidade de Griffin se torna aterrorizante por outros motivos: usando da tecnologia, o vilão consegue continuar a torturar Cecillia mesmo após o fim do relacionamento, além de isolá-las de seus pares ao fazê-los duvidar da sanidade mental dela.
Assim, "O Homem Invisível" (2020) acaba materializando alguns dos piores medos de sobreviventes de violência doméstica, uma vez que mostra um abusador que não apenas volta à vida da vítima, mas também conta com poderes ao fazer esse retorno.